Voz da Póvoa
 
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O Escutismo Promove o Despertar das Responsabilidades

O Escutismo Promove o Despertar das Responsabilidades

Freguesias | 18 Janeiro 2021

O Escutismo prepara o cidadão para a cidadania, convida-o a substituir o egoísmo pela ajuda ao seu semelhante. “O Escutismo é um movimento cuja finalidade é educar a próxima geração como cidadãos úteis e de vistas largas. A nossa intenção é formar Homens e Mulheres que saibam decidir por si próprios, possuidores de três dons fundamentais: Saúde, Felicidade e Espírito de Serviço”, escreveu Baden-Powell.

Há em Terroso, o Agrupamento 406 Nossa Senhora das Candeias, que foi fundado a 29 de Maio de 1960, pelo padre Domingos e Carlos Viana. “Depois houve uma forte emigração que interrompeu entre 1966 e 1970 o trabalho do agrupamento, que acabou por ser refundado. O registo com o nº 406 é prova disso, porque há agrupamentos mais novos que têm um registo mais baixo”, esclarece António Gomes Molho, chefe do Agrupamento.

Nasceu na freguesia de Terroso em 1967. Na carpintaria de seu pai aprendeu a arte de carpinteiro e mais tarde, dedicou-se ao mobiliário e criou o seu próprio negócio ‘Medidas Extremas’. Ou seja, tudo à medida. Entrou para o Agrupamento, em 1976, como Lobito: “Éramos quatro irmãos e entrámos três ao mesmo tempo. O Lino da ‘Avó’ foi falar com a minha mãe (o pai estava em França), como ela gostava dos escuteiros, entrámos nessa aventura”.

António Molho explica o crescer escuteiro: “É dividido por secções. Temos os Lobitos, dos 6 aos 10 anos, lenço amarelo. Seguem-se os Exploradores, dos 10 aos 14 anos, lenço verde. Depois, os Pioneiros, dos 14 aos 18 anos, lenço azul e por último os Caminheiros, lenço vermelho, dos 18 aos 22 anos. Com o percurso todo do escutismo, da aventura, a partir daí, decide se sai ou quer continuar, se decidir ficar, passa para o lado da preparação do jogo, porque até ali jogou. Digamos que é o final ou o início do escutismo numa outra visão. O escutismo é um estilo de vida, porque a partir desse momento, entramos ao serviço da juventude e podemos propôr algo diferente para que tenham a noção dos valores. São propostas que despertam no rapaz ou na rapariga algo que os possa ajudar no seu crescimento e comportamento para a vida. Em casa está habituado a fazer o que ‘quer’, mas nos escuteiros faz parte de uma equipa ou de uma patrulha de miúdos e todos têm que se entender nas tarefas. Vamos acampar e temos que preparar tudo, não temos a mãe, dependemos de nós, do nosso trabalho. São valores que a sociedade precisa para ter um futuro melhor”.

O serviço à comunidade acabou por sofrer um forte revés com a pandemia: “Ainda participámos e colaborámos nas festas da Senhora das Candeias a 2 Fevereiro e fizemos as comemorações a 22 de Fevereiro, do nascimento do fundador do escutismo, Baden-Powell, que incluiu as promessas de novos elementos e a partida de alguns caminheiros. Em Março, parámos devido ao alastrar da pandemia. Algumas secções ainda se mantiveram activas, mas recordo-me que na altura da Páscoa, na via-sacra apenas participaram dois elementos e o padre Pedro, filmámos e partilhámos no Facebook. As secções iam trabalhando só através do Zoom. Em julho, ainda fizemos algumas reuniões presenciais com os cuidados e regras exigidas. Só os mais adultos foram dando uma ajuda aqui e ali, mas estamos numa grande incerteza. Para preencher o vazio, lançamos aos 68 elementos do Agrupamento, alguns desafios pelas redes sociais. É uma forma de nos mantermos ligados. Neste momento, há muito pouco que se possa fazer e, nada em grupo. Temos que esperar que o cenário de pandemia alivie”.

O Agrupamento 406 encerrava em Maio de 2020 as comemorações dos 60 anos, mas segundo António Molho, uma parte das iniciativas foram suspensas ou adiadas: “Adiámos porque queremos fazer as coisas e não deixar uma data destas sem um marco. Ainda se fez, em Novembro de 2019, o Magusto e a ceia de Natal com toda a família escutista, no espaço campo do padre Pedro. Os pais ajudam e colaboram com alguns dirigentes, na preparação da ceia. Na festa da senhora das Candeias, temos uma boa colaboração na organização da procissão e é o coro dos escuteiros que anima a missa do 4º domingo do mês. Há ainda nesta festa, uma novena animada por vários coros da paróquia, um convite feito pelo padre Pedro. No dia da festa, montamos a Tasquinha do Escuteiro, para angariar fundos para as actividades do Agrupamento. No ano passado não foi possível fazer perante a multidão, o Domingo de Ramos e a via Sacra, onde a leitura da paixão de Cristo é encenada pelos escuteiros com trajes da época. É o Agrupamento que organiza a via-sacra, marcamos percursos dos quatro cantos da paróquia e fazemos um cada ano, na passagem as pessoas juntam-se a nós até chegarmos à igreja. A encenação da via-sacra é muito vivida pela população”.

E acrescenta: “Em Abril já não conseguimos organizar em parceria com o Museu Municipal, a Feira Castreja. Também colaboramos com o professor Flores, em recreações na cividade de Terroso. Na Feira Castreja tentamos aproximar-nos da realidade do antigamente. Fazemos primeiro um cortejo e uma recolha de doações de animais e produtos que as pessoas de terroso produzem, para no dia seguinte virem à feira comprar. Estamos todos trajados, com música da época e fazemos a encenação do casamento castrejo ou a luta dos romanos com os castrejos. É um dia bem passado no parque da pedreira junto à igreja, onde montamos umas barraquinhas de comes e bebes e de produtos que recebemos de oferta para venda. Adiamos também para melhores dias a 9ª Serenata ao Luar, onde convidamos os agrupamentos do Núcleo do Cego do Maio e lançamos o convite na paróquia aos coros que queiram participar. Tudo o que foi adiado será reposto este ano se houver condições”.

O escuteiro é pau para toda a obra: “Temos um programa anual onde tentamos colocar em agenda, os serviços habituais, mas surgem sempre serviços pontuais onde nos pedem colaboração. Por vezes, temos que fazer ajustes, mas é importante que as secções tenham vida própria, respeitando o seu programa de actividades. Temos que estar preparados para fazer os acampamentos regionais e há actividades da própria secção com deslocações que obrigam, por vezes, a fazer uma angariação de fundos. Já fomos à Madeira e Açores. Quem se propõe a fazer essa actividade trabalha para arranjar dinheiro para ela. Desde a recolha de ferro velho, noite de fados, corridas de galgos. É a secção que se propõe fazer essa actividade. Na festa da catequese, o tema é trabalhado pelas catequistas e os miúdos são divididos por grupos para representar o modelo de vida escolhido. O dia termina com uma eucaristia e os miúdos cansados, mas com um brilhozinho nos olhos”.

António Molho reconhece que o Agrupamento tem boas condições para trabalhar, mas há sempre um desejo mais: “Ao longo dos tempos a sociedade em que vivemos tem-se isolado. Cada vez, há menos socialização. A actual pandemia ainda agravou mais esta actitude. Pensando no 4º artigo da lei do escuta: O escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros escutas. Acredito que tal convivência seria bastante saudável para todos. Assim, o meu desejo para 2021 é que este artigo não seja uma miragem, mas que se torne uma realidade. Espero que este isolamento possa ter despertado no outro, a camaradagem”.

por: José Peixoto

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