Voz da Póvoa
 
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O corpo no tempo: “as mãos na terra a cabeça no vento”

O corpo no tempo: “as mãos na terra a cabeça no vento”

Freguesias | 20 Abril 2024

 

 O Núcleo Museológico de São Pedro de Rates apresenta, desde 4 de Abril até 12 de Maio, um conjunto de obras cerâmicas e desenhos de Mafalda Balona e o ambiente sonoro de Daniel Brusaca, um músico que pacifica a sua música com os objectos, promovendo o relaxamento e a reflexão.
 
Com a curadoria de Inês Faria, “esta exposição surgiu de uma entrevista que fiz ao Dr. Paulo Sá Machado sobre o seu percurso profissional, que levou à sua curiosidade sobre as exposições que eu andava a planear. Perguntou-me sobre os artistas que acompanhava, e ficou muito interessado em levar cerâmica contemporânea a Rates”. E reconhece que foi um privilégio “poder colaborar e fazer a curadoria da exposição neste lugar mágico. Parti dos jogos de palavras e expressões que Mário Cesariny criou para escrever sobre os artistas da sua geração, no livro As Mãos na Água a Cabeça no Mar”.

Há sem dúvida um convite à meditação, mas também ao lado brinquedo que a infância nos conduz pela vida fora. O toque sensorial emissor de uma conversa com o outro, repostas sonoras antes de qualquer questão. Às vezes só somos ouvido(s). “A peça não vale de nada se não for mexida. Independentemente de partir ou não, o que importa mesmo é que quem venha, toque”, sublinha Mafalda Balona, licenciada em Ciências da Comunicação.

Podia dizer de onde é natural, em que ano nasceu, ficaria a saber tudo sem ter sentido nada, visto nada, tocado em nada. O mesmo discurso serve todos os outros que de alguma forma colaboraram na feitura de uma intemporal universalidade falante.

Para Mafalda Balona, as crianças têm todas “contacto com o desenho e aqui podem ver alguns desenhos muito divertidos, mais brincalhões, mais trapalhões, todos mais livres onde não há a necessidade de fazer formas direitinhas, perfeitas, apresentar algo objectivo. Uma criança faz coisas livremente”.
 
A ancestralidade fascina pela continuidade. Daniel Brusaca explica que a inspiração sonora nasceu do lugar: “Estive aqui a absorver o ambiente, reparei que este lugar fazia parte dos Caminhos de Santiago e decidi criar aqui um momento de pausa, de cura, por isso é que os sons são relaxantes”.

Presente na abertura, Paulo João, Presidente da Junta de Freguesia de São Pedro de Rates, elogiou a exposição e os seus autores, lançando o repto aos presentes e futuros visitantes a interagir com as peças, através do toque e do movimento, criando uma narrativa de imaginários habitados em nós.

Por José Peixoto

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