Voz da Póvoa
 
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Balasar uma Paisagem Agrícola no Caminho da Modernidade

Balasar uma Paisagem Agrícola no Caminho da Modernidade

Freguesias | 5 Junho 2021

A história conta-nos que no Censual do Bispo Dom Pedro, datado do ano 1090, vêm relatados, pela primeira vez, registos associados à freguesia de Balasar. No século XIII, Afonso II referencia a terra como Sancta Eolália de Belsar. Foi com o andamento dos séculos que Belsar se transformaria em Belisári, que por sua vez, daria origem a Balasar ou ainda, Santa Eulália de Balasar.

Não há terra que não seja fruto do amor, da vontade que nos move em construir uma identidade. É por isso que o fado-poema de Amália Rodrigues, nos comove quando sofremos de ausência: “Ó gente da minha terra / Agora é que eu percebi / Esta tristeza que trago / Foi de vós que a recebi”.

José Martins Loureiro de Araújo nasceu em 1962, na freguesia de Balasar, sem imaginar que um dia partilharia a profissão de Bancário com a de Presidente da Junta. No entanto, cresceu numa família, onde o pai e mais tarde o irmão Lino Araújo, também assumiram o mesmo cargo.
“A minha entrada na política foi a convite do meu irmão Lino, que acabaria por substituir na presidência da Junta, quando faleceu em Dezembro de 2009. Balasar é, hoje, uma freguesia onde quase tudo mudou. Na minha infância, era uma aldeia que vivia quase exclusivamente de uma agricultura diversificada. Produzia-se vinho, batatas ou milho para o fabrico do pão. Agora, a grande maioria dedica-se à produção leiteira. Quando era menino, à volta da igreja não havia uma estrada em paralelo. Muitos pagadores de promessas, militares que tinham estado no ultramar, vinham desde a casa da Beata Irmã Alexandrina, até à sua sepultura no cemitério a rastejar pela terra-batida. No tempo em que a linha da Póvoa ligava a Famalicão e Guimarães, Balasar tinha um apeadeiro e a estação das Fontainhas, onde o comboio a vapor se abastecia de água. Cresceram também o número de empresas e serviços, como escritórios de advogados, agentes de seguros, solicitadores, gabinetes de arquitectura, lavandarias, farmácia, clínicas, restauração, tudo cresceu. Temos três agências bancárias, mas chegámos a ter cinco na freguesia. Temos um conjunto de serviços que transformaram Balasar e trouxeram muita gente para a terra. Também o turismo religioso ganhou com a Beatificação da Irmã Alexandrina”, recorda.
 
Os anos passam, mas a memória fica. José Araújo reconhece que no primeiro mandato, o orçamento municipal não permitiu grandes obras: “Houve muitas dificuldades financeiras ao nível do país e a Autarquia reduziu o orçamento. As verbas eram muito limitadas e não foi possível sonhar alto. São todas necessárias, mas há prioridades. A primeira obra foi a primeira fase de paralelo da Rua das Pedreiras. No ano passado, concluímos a segunda fase. Reconstruimos também a Escola das Fontainhas, que estava em muito mau estado, desde caixilharias a infiltrações de água”.

E acrescenta: “No segundo mandato tudo se alterou para melhor, e já foi possível avançar com as obras do cemitério e concluí-las, um investimento muito perto dos 300 mil euros. Como tínhamos adquirido no primeiro mandato os terrenos, conseguimos agora concluir, naturalmente com a ajuda da Câmara Municipal, a construção do Complexo Desportivo de Balasar, o melhor do concelho da Póvoa. Tem dois campos, um de 7 e outro de futebol de 11, com umas instalações dignas da nossa terra”.

O Investimento na Freguesia Superou as Expectativas

Para José Araújo, este foi um mandato de obra feita: “A autarquia fez questão de investir nas freguesias e Balasar acabou por ser, em muito, beneficiada. A ciclovia, na antiga linha férrea, foi uma obra notável, que veio beneficiar as pessoas em tempos de pandemia. Tem uma movimentação de ciclistas e de pessoas fora do comum. É uma via segura e onde pode desfrutar da natureza envolvente. Fizemos o Parque Verde, um investimento que criou um espaço precioso para quem visita Balasar e a Beata Alexandrina, a sua casa e o seu túmulo que está agora na igreja. Fizemos um protocolo com a Fábrica da igreja para podermos fazer as obras do Parque Verde nos seus terrenos. Com o apoio da APA – Agencia Portuguesa do Ambiente, aproveitámos o curso do Rio Este e fizemos um espaço aprazível para as pessoas, com excelentes condições de aparcamento para automóveis e autocarros. Construímos um parque infantil, um parque de merendas e um campo de Futevolei. Temos dentro do parque uma pequena casa em ruínas que será recuperada para fazer umas casas de banho e churrasqueira, para além de um auditório ao ar livre para receber concertos. Está tudo encaminhado para que a Câmara e a Junta de Freguesia possam adquirir os terrenos do Parque Verde à Fábrica da igreja, uma forma de contribuir para o Centro Pastoral e Cultural Alexandrina de Balasar e casa mortuária, obras que vão também ser apoiadas pela autarquia”.

As ruas também não foram esquecidas: “entre saneamento e pavimentação, fizemos intervenções nas ruas Custódio José da Costa, Alexandrina Maria da Costa, São José, Caminho Largo, Rua da Gandra, Rua da Bica, Rua do Monte, Rua das Pedreiras, foram investidos alguns de milhares de euros. Neste momento, estamos na segunda fase das obras de requalificação e recuperação da sede da Junta de Freguesia. É um edifício com 30 anos, que tinha várias deficiências, como infiltrações de água, a caixilharia e faltava criar acessibilidades para deficientes. Já investimos na sede, mais de 250 mil euros. Aliás, as obras que fizemos neste mandato e algumas ainda estão em fase de conclusão, superam muito os 4 milhões de euros”.

O futuro também foi sendo planeado e projectado, afirma José Araújo: “O mandato está a terminar, mas ainda quero ver se é possível arrancar com a recuperação da antiga Estação das Fontainhas e da zona envolvente. É um edifício histórico para Balasar. Como temos uma afluência grande de trânsito pesado, estamos a negociar os terrenos para fazer um caminho pedonal, junto à Rua de Dona Benta, que vai levar um passadiço a ligar ao passeio, tudo para segurança das pessoas porque a estrada é estreita e perigosa. Estamos também na fase de pavimentação e alargamento da Rua Santa Eulália de Balasar. Está também a ser colocada a iluminação na Rua das Pedreiras. Por seu lado a Câmara está em negociações com as Águas do Norte, para fazer o colector, porque era nossa intenção avançar, ainda este ano, com o saneamento”.

Se for renovado o mandato há projectos que quer ver executados: “O saneamento na freguesia, que é um investimento de monta, o nó da A7 que vai facilitar a criação de uma zona industrial. Avançando a construção do Santuário Alexandrina de Balasar, teremos obras em toda a sua envolvência para criar infraestruturas e as condições necessárias para receber as pessoas. Ou seja, restruturar toda a zona envolvente com parques de estacionamento. Queremos também concluir o Parque Verde, com a recuperação da casa e a construção de um auditório ao ar livre”.

A União deu a Força Necessária Para se Merecer Balasar 

Para o Presidente, a Junta de Freguesia sempre trabalhou em harmonia: “Os membros da Assembleia de Freguesia eleitos pelo PSD, deram-nos total apoio e estiveram sempre prontos para ajudar. As instituições e associações de Balasar também sabem que têm na Junta uma porta sempre aberta. A única coisa que exigimos, é responsabilidades. Todas têm um espaço disponibilizado na sede da Junta. Temos aqui o Posto de Enfermagem, a Escola de Música, a Associação de Pais, a Associação Desportiva e Cultural de Balasar ou a Tertúlia Balasarense. Nunca cobrámos aluguer a ninguém e apoiámos sempre que necessário, se não for de forma monetária é logística. Lamento que a oposição não nos veja como Junta de Freguesia, mas como seus inimigos. São formas de fazer política que não pactuo, mas cada um que fique com os seus actos porque o povo é soberano. Tentamos fazer sempre o melhor e queremos sempre mais. Tenho pena de neste mandato, não termos conseguido avançar com a Creche. Creio que no próximo mandato, se cá estiver, haverá uma creche em Balasar, faz parte do plano estratégico. A resposta que nos deram, foi que já havia uma cobertura suficiente na zona, mas é preciso que seja construída em Balasar para fixar as famílias”.

O apoio aos idosos também merece o acompanhamento da Junta: “A sala de convívio faz parte da Fundação Irmã Alexandrina, mas apoiamos a ginástica sénior e o passeio de reformados, que não tem acontecido devido à pandemia. Também temos apoiado em colaboração e coordenação com os serviços sociais da Câmara Municipal, as várias IPSS, associações e a Fundação, sempre que necessário, famílias que necessitem da nossa ajuda. Na vacinação contra a Covid-19, a Junta de Freguesia, com a colaboração das carrinhas da Fundação, apoia no transporte até ao Centro de Vacinação, em Aver-o-Mar. No Natal, também com a coordenação da Fundação, a Junta apoia socialmente famílias na consoada, oferecendo o Bacalhau”.

José Araújo revela que na sede da Junta disponibilizou alguns serviços à população: “No atendimento ao munícipe, temos apoiado no preenchimento do IRS, com pessoas qualificadas para o fazer. Estamos sempre abertos e disponíveis a receber, a ajudar e esclarecer qualquer dúvida sobre qualquer assunto”.

A pandemia tudo adiou, as festas, as romarias, o desporto, logo o regresso aos hábitos de vida vão ter a sua demora: “Tínhamos várias festas que eram uma tradição que arrastava muita gente até Balasar. As festas religiosas em honra do Mártir São Sebastião em Janeiro, a festa do Senhor da Cruz, em Julho e a festa da Beata Alexandrina, em Outubro. Num âmbito diferente, tínhamos a Traquinada, no Rio Este e a Feira de Artesanato e Gastronomia nas Fontainhas, mas tal como no ano passado tudo está cancelado, devido à pandemia. São festas que envolvem muita gente. Tivemos que obrigatoriamente, fazer este interregno. Esperemos que no próximo ano tudo seja retomado e estaremos abertos a novas iniciativas, desde que tenham pernas para andar, nós apoiamos. O futuro faz-se todos os dias e temos que estar abertos a sugestões e novas ideias que tragam progresso à terra”.

Por: José Peixoto

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