Voz da Póvoa
 
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A Sagrada Família de Nariz Tapado para Sensibilizar as Entidades

A Sagrada Família de Nariz Tapado para Sensibilizar as Entidades

Freguesias | 20 Dezembro 2023

 

Os presépios, que representam a Sagrada Família, criados no barro e moldados pelas mãos da artesã barcelense Irene Salgueiro, foram encomendados com o objectivo de apelar ao “espírito natalício para que ajude as instituições a exercerem, sem medo, as suas competências, resolvendo de uma vez por todas este grave problema ambiental e que nos devolvam a qualidade de vida que tínhamos” disse o Presidente de Junta de Laúndos, Félix Marques, na conferência de imprensa do dia 7 de Dezembro, que juntou também os presidentes das Juntas de Rates, Estela, Aguçadoura e Navais do concelho da Póvoa de Varzim, e de Barqueiros e Cristelo freguesias do concelho de Barcelos.

A Sagrada Família com o S. José, Maria e o menino Jesus a tapar o nariz dos maus cheiros provocados pelo aterro gerido pela Resulima, em Paradela, chegarão às mãos dos responsáveis pelas entidades que assobiam para o lado ou continuam a pactuar com o crime ambiental que afecta as populações, desde o início do ano de 2022.

A contestação dos populares, as inúmeras reuniões, queixas e processos judiciais não surtiram efeito, mas a palavra desistir não faz parte do dicionário dos autarcas das freguesias afectadas. Nesse sentido, Félix Marques leu um comunicado conjunto assinado por todos os presidentes de Junta, e revelou que os 30 presépios serão oferecidos “a quem esteve do nosso lado desde o início e a quem esperamos que brevemente mude de posição”.

O Natal que se aproxima serviu de mote ao protesto “decidimos oferecer, como forma de manifestação, a todas as entidades com quem nos relacionamos para resolver este grave problema ambiental um presépio bem diferente”, acreditando que o espírito natalício “ajude estas instituições a exercerem, sem medo, as suas competências, resolvendo de uma vez por todas este grave problema ambiental e que nos devolvam a qualidade de vida que tínhamos antes do aterro”.

O presidente da Junta de Laúndos recorda que “não somos contra a instalação do aterro, mas sim a favor do seu legal funcionamento”.

Em Março de 2023, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) comprometeu-se resolver o problema até ao final do ano. “Fomos pacientes o suficiente e demos tempo para que a Resulima e as Autoridades Ambientais pudessem resolver o problema do ‘fedor’, mas agora as nossas populações estão a atingir o limite da paciência com este assunto”. Revelando que até ao momento “registámos mais de 160 ocorrências de incomodidades de odores em 278 dias de calendário”. A área dos limites do ‘fedor’ estende-se 74 quilómetros quadrados, afectando milhares de pessoas, pondo em causa a sua qualidade de vida.

Um estudo aponta para o investimento de 6 milhões de euros, necessários para “selar todos os edifícios, aspirar o ar no seu interior e filtrá-lo convenientemente. E pergunta-se, porque não fizeram isso logo desde o início?”, indigna-se Félix Marques.

A licença provisória do aterro termina no último dia do ano, mas para os responsáveis das freguesias, o problema só será resolvido com a não renovação, enquanto as obras necessárias não forem efectuadas pela Resulima. “Não aceitamos que uma unidade que foi construída com fundos europeus, cause um problema ambiental grave às nossas portas e nos tire qualidade de vida”, conclui o comunicado.

Está a decorrer uma petição pública ‘Resulima Fede’, que precisa de 7.500 assinaturas para que o assunto seja discutido na Assembleia da República.

Por: José Peixoto

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