Voz da Póvoa
 
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A Construção do Futuro em São Pedro de Rates

A Construção do Futuro em São Pedro de Rates

Freguesias | 17 Novembro 2020

São Pedro de Rates

A sua origem entra tão dentro do tempo que se desconhece o seu antigo respirar. Diz quem estuda que é anterior à ocupação romana. São Pedro de Rates é a maior freguesia do concelho da Póvoa de Varzim, com uma área de 1.383 hectares.

No século XVI, o rei D. Manuel I, passou por Rates em peregrinação a Santiago de Compostela e mandou construir a Igreja Matriz de Vila do Conde, mandando gravar na sua frontaria o brasão das terras mais importantes em redor; o brasão da Vila de Rates figura ao lado dos brasões de Vila do Conde e Póvoa de Varzim. É também D. Manuel que em 1517, dá um foral novo ao Couto da Vila e Mosteiro de Rates. O primeiro titular da Comenda foi Tomé de Sousa, natural de Rates e primeiro governador-geral do Brasil. Seguiu-se uma extensa lista de comendadores e comendadeiras, até à extinção do concelho de Rates em 1836, quando foi integrado no concelho da Póvoa de Varzim.

Do seu passado histórico, destacam-se a Igreja Românica (século XI-XIII), monumento nacional; o Pelourinho, também monumento nacional, símbolo da antiga autonomia administrativa de Rates; a antiga Câmara (século XVIII); um conjunto de quatro capelas construídas ao longo dos séculos XVII e XVIII, sendo de salientar, pela sua imponente arquitetura barroca, a do Senhor da Praça, que se encontra no bem conservado centro histórico da Vila de Rates.

A Construção do Futuro em São Pedro de Rates

Somos da terra e com o tempo, guiados ou não, percebemos as nossas raízes. É da natureza humana defender-se de razões bairristas e querer o melhor: “Estou sempre a pedir para Rates, mas não me envergonho disso”. Paulo João Lopes da Silva nasceu em 1971, em São Pedro de Rates, freguesia onde é presidente desde 2013. Licenciado em Contabilidade e Gestão e, profissionalmente desempenha as suas funções no Gabinete de Gestão de Fundos da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim.Não admira, por isso, que tenha entrado na política pelo lado da terra: “A minha ambição é mais cívica que propriamente política e, não deixou de ser o caminho que me levou até à política sem ter pensado nisso. Fui catequista, leitor, fiz parte do concelho Pastoral, director e presidente da Associação de Amizade de São Pedro de Rates. A política surgiu um bocadinho levado pela família. O meu pai foi sempre elemento do executivo da Junta de Freguesia, praticamente desde o 25 de Abril e eu acabei por aprender muito com ele. Fui assimilando algumas ideias e como me integrei sempre na freguesia onde vivo, acabei por assumir este cargo que é representativo da população. Defender os seus interesses é o que me move e, espero cumprir bem a minha função”.

Trabalhar na Autarquia foi um sonho de criança: “Houve uma altura em que pensei ser bancário, mas foi uma alergia que me passou rápido. Apesar de se ouvir dizer que na função pública somos mal pagos e, embora eu tivesse formação para enveredar por outros caminhos mais lucrativos, a verdade é que desde pequeno sempre quis ser funcionário da Câmara da Póvoa. Se me perguntar porquê, não sei responder. Reconheço que é um sonho limitado, mas era o sonho que alimentava e consegui concretizá-lo. Tenho muito gosto e prazer em trabalhar na Câmara Municipal”.

O facto de estar perto do poder decisório facilita, reconhece Paulo João: “Não vou ser hipócrita. Ao estar próximo do poder, físicamente, consigo mais rapidamente chegar a quem decide e mais rapidamente saber como estão os processos. Não quero dizer com isso que tenho privilégios, a única coisa que posso ganhar é uma maior rapidez na resolução das questões”. 
Sendo uma freguesia distante do concelho, a Autarquia acabou por perceber a necessidade de investir no saneamento. “É uma obra perseguida e desejada por Rates há muitos anos. Penso que foi possível fazer esta obra de saneamento pela relação que se estabeleceu entre a Junta e a Câmara Municipal. É evidente que não podemos esquecer o trabalho que o anterior presidente Macedo Vieira fez por S. Pedro de Rates. Aliás, tenho pena que não lhe tenha sido atribuída, na altura, a Medalha de Ouro da freguesia, em vez da Medalha de Prata com que foi agraciado. Basta a obra que fez no Centro Histórico, entre tantas outras. Adianto que é intenção desta Junta atribuir a primeira Medalha de Ouro de S. Pedro de Rates a Aires Pereira, que nos tem apoiado em todos os projectos que temos apresentado”, revela.

As Prioridades Sobrepõem-se ao Incómodo das Obras

A população tem sido paciente porque percebe as razões do estaleiro de obras em que foram transformadas várias ruas: “Costumo dizer às pessoas de Rates que, em família, quando pretendemos mudar os móveis de um quarto a casa fica em pantanas. Nós não estamos a remodelar uma rua, mas a freguesia toda. Estamos a começar por aquilo que é absolutamente prioritário e fica por baixo da terra, que é o saneamento. É uma obra que concluída, se esconde, mas as pessoas de Rates percebem que passaram a usufruir de melhor qualidade de vida e tem demonstrado isso na hora de eleger os seus representantes para a Junta de Freguesia. As pessoas sentem que este é um benefício para a terra, e grande. Como presidente de Junta, apercebo-me de uma maior procura de terrenos para construção, também para a indústria. Quando há infraestruturas, as terras são procuradas e cria-se riqueza. E não vale a pena fazer grandes museus vivos, grandes equipamentos, se aquilo que está de base nas necessidades não for feito. Felizmente, o presidente Aires Pereira, com quem tenho esta relação próxima e saudável, percebeu muito bem isso e decidiu investir em S. Pedro de Rates, naquilo que acho absolutamente fundamental, que é o saneamento”.

Paulo João diz sentir-se orgulhoso a um ano do fim do mandato: “Conseguimos praticamente tudo que tínhamos prometido em termos de grandes obras e não podemos esquecer que algumas foram condicionadas pela situação de pandemia que vivemos. Concluímos as obras de ampliação do cemitério, conseguindo dar resposta a 95 pessoas ou famílias que pretendiam ter uma sepultura. A Ecovia, que é uma obra significativa e com um impacte interessante no eixo principal da nossa terra ou o campo de futebol do Limarinho que está praticamente concluído. Relativamente ao campo do Limarinho, conseguimos associar a esta obra a requalificação total do eixo principal rodoviário que serve a zona nascente da freguesia, o chamado monte de Rates. É um arruamento totalmente novo que vem desde o cruzeiro passando pela rua Santo António, Rua da Senhora do Rosário e Rua Moinhos de Vento, esta última será totalmente intervencionada. Relativamente, ao campo de futebol, temos a requalificação total da rua de S. Pedro, conhecida por rua do Limarinho. Também associada à obra do saneamento temos ainda a requalificação de alguns arruamentos que serão anunciados brevemente”.

Inaugurar o presente é pensar no futuro: “Terminamos outras obras pequenas de menor relevância, mas importantes para Rates. Relativamente, a este mandato, aquilo que está já decidido para o próximo ano é a requalificação de três arruamentos que estão a necessitar de ser melhorados e avançar também com o projecto do Parque Verde, sendo que associado ao parque temos a implementação do Ecomuseu”.

Se pensarmos que a Vila de Rates tem praticamente as valências de uma cidade, isso não impede Paulo João de exigir sempre mais e assumir um novo mandato: “Falta sempre alguma coisa. Por isso, começo por dizer que serei candidato às próximas eleições, porque entendo que S. Pedro de Rates tem tudo, desde os serviços de saúde, ensino, ensino profissional, tem um centro histórico fantástico e temos pessoas e instituições excelentes. A única coisa que Rates precisa para ficar de facto uma terra onde ainda se tenha mais vontade de viver é a requalificação dos arruamentos antigos, muitos deles ainda com calçada à portuguesa. Alguns destes arruamentos estão muito degradados porque temos um trânsito pesado muito forte, não só pela actividade agrícola, mas também por camiões que atravessam Rates. O meu sonho é que daqui a cinco anos, Rates tenha uma rede viária totalmente renovada. Com tudo aquilo que já foi feito, com tudo aquilo que já temos podemos dizer que será muito bom viver aqui”.

A Cultura Como Pilar Mobilizador de Desenvolvimento

“Com a mudança da residência paroquial para novas instalações, importa aqui destacar o bom relacionamento da Junta e da Câmara com a paróquia. Foi oferecida ao padre Manuel Sá Ribeiro, com a participação de toda a população de Rates, uma casa paroquial com as condições de habitabilidade dignas. A antiga residência paroquial será transformada num museu de Arte Sacra e Escola de Música. Paralelamente, será transformada a antiga Escola da Praça em Albergue de Peregrinos, sendo que ninguém está a pensar que o actual albergue seja desactivado. Esperamos que, passada esta crise pandémica, os dois albergues sejam necessários para albergar todos os peregrinos. Aquilo que temos em carteira são investimentos muito importantes. Naturalmente, tenho que realçar a aposta estratégica e fundamental da Câmara da Póvoa nas freguesias, concretamente em São Pedro de Rates. Destaco também o excelente relacionamento que existe entre a Junta de Freguesia e a Autarquia com todas as instituições da Vila de Rates”, enaltece Paulo João.

E recorda: “Este ano, para além dos 50 anos do Rancho Folclórico de S. Pedro de Rates, estamos também a viver os 25 anos do nosso Agrupamento de Escuteiros. As comemorações foram adiadas pela situação pandémica que vivemos, assim como outras realizações culturais. Ao longo deste mandato, mas também no anterior, demos sempre continuidade a um trabalho positivo da anterior Junta. Nós avançamos culturalmente com os Caminhos de Santiago, Congresso Internacional Tomé de Sousa, o Dia da Vila comemorado no centro histórico com as associações, onde se realiza uma feira de artesanato e de produtos locais. Mas aquilo que temos feito com mais regularidade, são as exposições no Núcleo Museológico, comissariadas por Paulo Sá Machado, que arrancaram com este executivo. Queremos manter esta actividade cultural que foi interrompida por esta pandemia, mas o que puder ser restabelecido, iremos avançar”.

Para Paulo João só a capacidade de sonhar pode ser transformadora: “Tenho dois projectos que não são relacionados com obras. Direi que é um sonho. Gostava que S. Pedro de Rates pudesse ser, ainda neste ou no próximo mandato, uma terra florida e de luz. Em relação à terra florida, gostava de ver Rates transformada em todos os lugares onde fosse possível ter cor, flores, nas varandas, bermas da estrada, canteiros, em pequenos espaços abandonados. A cor que desejo ver pode ser em flores ou outros motivos e outras formas de colorir. Na ralação com a luz desejava que Rates viesse a ser conhecida pela terra onde o Natal é vivido em cada um dos jardins ou sacadas da nossa Vila. Apreciava que esses dois projectos fossem implementados na nossa terra. Creio que posso contar com a população para fazer isso. São esses eventos que às vezes parecem um pouco surreais e que não tem pernas para andar, mas que um dia fazem uma terra ser conhecida em todo o país e além-fronteiras. Se falarmos da festa do chocolate, lembramo-nos imediatamente de Óbidos. Coisas que nascem com uma ideia pequena, mas que se transforma num baptismo. Gostava que Rates um dia viesse a ser conhecida pela terra da cor e da luz”.

Desenhar a terra que se imaginou, apenas e só a terra, o outro lado do espelho somos nós: “Primeiro tenho que enaltecer o excelente comportamento cívico da população de Rates, instituições, estabelecimentos comerciais, agricultores, todas as pessoas, porque de facto têm sabido ter paciência com esta revolução de obras. Depois, acho que as pessoas de Rates, reconhecem a minha dedicação à terra, às pessoas e o total desprendimento em termos de política. Sou uma pessoa do povo, venho de uma família humilde, que sempre trabalhou para a sua subsistência. Aquilo que eu sinto é que as pessoas vêem em mim, disponibilidade e um lutador dos interesses da terra. Sou uma pessoa sem grandes pretensões, desprendido politicamente, mas ao mesmo tempo com a firme convicção de que neste momento o PSD é a melhor opção para a Povoa de Varzim e quando não for, eu também o direi. Quando avanço com uma ideia, a minha espectativa é que as pessoas apostem nesses projectos, nos pressupostos da minha pessoa. Espero que confiem em mim, porque esse será um bom caminho. Se eu sentir que não é, que as pessoas não estão de acordo, também sei ouvir e emendar, dar a mão à palmatória”.

O Saneamento Não Deixou a Cabeça das Pessoas em Obras
   
A Obra de Saneamento em Rates abrangeu um considerável número de ruas, que obrigou as pessoas a dar largas ao limite da paciência, demonstrando, segundo o encarregado responsável pelos trabalhos, Adão Rocha, a reconhecer que, “as obras são sempre complicadas, tanto para nós como para os moradores, mas com a colaboração do pessoal e dos elementos da Junta, temos conseguido. As pessoas de Rates têm sido compreensivas e isso também ajuda. Quem por vezes não ajuda, é o tempo”.
 
E reforça: “Apesar das obras de saneamento serem normalmente muito difíceis para as autarquias, para as empresas e pessoas, em Rates, excepcionalmente, está a correr muito bem. Tem havido uma grande colaboração dos elementos da Junta de Freguesia e da população que tem sido muito paciente. Creio que merece um reconhecimento pela forma como se tem comportado”.

Por: José Peixoto

 

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