O primeiro dia de Maio amadureceu depois de Abril, mas hoje ‘somos’ quase todos esquecidos dos que lutaram no início do século XX, para que o dia de trabalho não tivesse mais do que oito horas. Nos anos 80 do mesmo século, ganhava terreno a ideia de uma sociedade da cultura e do lazer, com alguns países a reduzirem em certos sectores de actividade os horários até às 6 horas diárias, cinco dias por semana. Hoje o mundo do trabalho é mais injusto, mais precário, com menos direitos, menos salário, a pobreza em maior número e as fortunas mais colossais, porque há quem continue a atear a guerra como futuro e a prometer a prosperidade através das armas, cortando na saúde, na educação e na cultura. As ruas continuam livres e à nossa espera.
Pablo Rios Antão
Deixo ainda esta maravilha do Zeca Afonso
Maio maduro Maio
Quem te pintou
Quem te quebrou o encanto
Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul
E uma falua vinha
Lá de Istambul
Sempre depois da sesta
Chamando as flores
Era o dia da festa
Maio de amores
Era o dia de cantar
E uma falua andava
Ao longe a varar
Maio com meu amigo
Quem dera já
Sempre depois do trigo
Se cantará
Qu'importa a fúria do mar
Que a voz não te esmoreça
Vamos lutar
Numa rua comprida
El-rei pastor
Vende o soro da vida
Que mata a dor
Venham ver, Maio nasceu
Que a voz não te esmoreça
A turba rompeu
Desenho de Cruzeiro Seixas