A Escola Secundária Eça de Queirós organizou uma palestra no dia 24 de Abril, inserida nas atividades de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, desenvolvidas pela área disciplinar de História.
Os convidados foram os militares de Abril, alferes miliciano Fernando Sottomayor e o cabo José Alves Costa, natural de Balasar. o primeiro foi detido por se recusar dar ordem de fogo, e o segundo por desobedecer a uma ordem do brigadeiro Junqueira dos Reis (segundo comandante da região militar de Lisboa), que “se vira para mim e pergunta se eu sabia lidar com o carro. Inventei que sabia mal, mas para eu estar naquele lugar tinha que saber e ordenou que disparasse sobre os carros que estavam à nossa frente (uma coluna liderada pelo capitão Salgueiro Maio). O brigadeiro aponta-me uma pistola e diz – ou dás fogo ou meto-te um tiro na cabeça. Respondia que ia ver o que podia fazer. Meti-me dentro do carro e disse aos meus colegas para fecharem todas as portas. Trancámos o M47 por dentro e já ninguém lá entrava. Como temos um periscópio onde vemos tudo à nossa volta, comecei a manejar o carro e ainda pensei mandar uma jarda para o rio e satisfazer o brigadeiro, mas no cais que me aparecia no monitor, via tanta gente a entrar para os barcos, que recusei disparar fosse para quem fosse. Deixámo-nos estar fechados e quietos mais de uma hora. Às tantas, abrimos as portas, viemos para cima e estava tudo tranquilo. Nem brigadeiro, nem alferes, nem ninguém que mandasse”, disse em entrevista ao jornal A Voz da Póvoa.
Salgueiro Maia classificou o acto de desobediência do alferes miliciano, Fernando Sottomayor, e do cabo José Alves Costa, por não dispararem sobre as forças revoltosas, como “a insubordinação mais bela do 25 de Abril” e, segundo palavras do capitão de abril, “foi aqui que se ganhou o 25 de abril”.
Créditos fotográficos de Beatriz Flores, aluna da ESEQ.
