Nascemos abertos ao conhecimento, mas é a Escola que nos fornece as ferramentas com que construímos a pessoa que somos. Cabe-nos usufruir dessa fonte extraordinária que é a aprendizagem, o saber.
Em cada ano se repetem as responsabilidades e as reuniões que antecipam o ano lectivo no concelho da Póvoa de Varzim. Razões e obrigações se juntam à mesa com o Vice-presidente, Vereador da Cultura e Educação da Câmara Municipal, Luís Diamantino Carvalho Batista: “Fizemos várias reuniões com os directores das escolas e agrupamentos. Estamos também a preparar a Carta Educativa. Temos agendada uma reunião que vai ter em conta os contratos Inter-administrativos que derivam da transferência de Competências para a Câmara Municipal, e desta para os directores dos agrupamentos de escolas e escolas secundárias. Tenho a certeza que os directores têm tudo preparado. Com o arranque do ano lectivo, tenho estado em algumas escolas, na recepção de professores e na recepção aos pais. Temos tentado clarificar algumas situações que necessitam ser esclarecidas, fazemo-lo sobretudo com as associações de pais que são muito importantes na ligação do meio à escola, sobretudo entre a Câmara Municipal e a Escola”.
E Acrescenta: “Felizmente, as nossas associações de pais, seja nas freguesias ou na cidade, todas têm uma relação muito próxima no sentido de resolver problemas que possam surgir ou antecipar a solução para os mesmos. Eu próprio facultei o meu número de telemóvel a todos os presidentes de Associações de Pais, para que algum problema que surja, o possamos resolver no imediato ou com a maior brevidade possível. As associações fazem parte da solução, nunca do problema. Isto é muito importante para o ensino e para a educação no nosso concelho”.
Quais são as principais novidades a destacar? “Este ano vamos ter mais duas salas do pré-escolar, uma sala em Balasar no Jardim de Infância da Cruz, que fica na sede da Junta de Freguesia, e mais uma sala em Agro Velho, em Aver-o-Mar, porque tínhamos necessidade de aumentar a oferta. Solicitámos às escolas, esta abertura à Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) e de imediato foi deferido o pedido. Temos também mais duas salas do 1º ciclo que vão funcionar na escola Flávio Gonçalves. Estava previsto só termos seis turmas, mas como tínhamos as salas monoblocos na Flávio e havia necessidade de mais duas salas para duas turmas, aproveitámos as 8 salas que lá temos, enquanto está em reconstrução a Escola dos Sininhos. Recebemos, esta semana, o visto do Tribunal de Contas para começarmos a obra de imediato. Pensamos que no próximo ano teremos a Escola a funcionar”.
O número de migrantes que se instalam na Póvoa e no concelho tem vindo a crescer. Isso reflete-se no aumento do número de alunos? “Com o fenómeno migratório há realmente um crescimento de alunos. Neste momento em Aver-o-Mar, temos 26 nacionalidades. Vamos ter mais uma sala a funcionar em Aver-o-Mar. O crescimento não se tem dado apenas no pré-escolar, mas também no 1º, 2º e 3º ciclo. Isto significa que vamos ter que planificar e prepararmo-nos para este crescimento. Aliás, a Póvoa de Varzim segundo os últimos censos, e não tem a ver com este fenómeno migratório porque foi feito anteriormente (2021), teve um crescimento não só dos agregados familiares, mas também um crescimento em número de casas e de população. Foi dos poucos municípios portugueses que teve esse crescimento populacional. É um fenómeno, que creio, irá continuar a acontecer porque a Póvoa de Varzim tem condições geográficas e estratégicas excelentes, e também pela qualidade de vida que oferece aos seus habitantes”.
Póvoa de Varzim Tem Sabido Responder ao Fluxo Migratório
“Temos desde o início deste mandato respondido ao fenómeno migratório, às necessidades das pessoas que vieram viver para a Póvoa de Varzim, sobretudo na área da inserção social. A integração passa também por aprender a língua. Há muitos anos que desenvolvemos um programa com uma professora do primeiro ciclo, que está a tempo inteiro a ensinar a língua portuguesa aos imigrantes. Tenho participado em inúmeras sessões dessas. Temos feito esse trabalho com os imigrantes no sentido de lhes dar algum instrumento para integração plena, isto em relação aos pais. Quanto às crianças, sem dúvida que têm um ritmo de aprendizagem muito superior aos adultos, sobretudo nas línguas, neste fenómeno da comunicação. As crianças adaptam-se rapidamente ao meio em que vivem”, reforça Luís Diamantino.
E sublinha: “Em conversa com alguns professores, percebi que aqueles que têm mais problemas na comunicação utilizam o tradutor dos telemóveis e vão resolvendo as situações. Creio que isso irá esbater-se com o tempo, mas as próprias escolas têm respondido a essas necessidades, facultando horas de apoio a esses alunos, para a sua integração plena. Ou seja, cada escola com a sua autonomia tem respondido e correspondido às necessidades que vão surgindo”.
Falar de educação é começar na creche, entrar no pré-escolar e seguir na escola até à entrada na universidade. O pelouro da Educação tem essa preocupação e responsabilidade? “No que à Póvoa de Varzim diz respeito, sim. Tanto é assim que queremos para o próximo ano aumentar a oferta. A Câmara Municipal no antigo edifício da Obra de Santa Zita, vai abrir no próximo ano, três salas de creche e duas de jardim-de-infância. Todos os jardins-de-infância têm a coordenação da Câmara Municipal com as escolas. Ali, as creches serão apenas da responsabilidade do município. A nossa preocupação é responder às necessidades da nossa população. Por isso, estamos a fazer este esforço. A educação é sempre uma aventura, várias experiências, tomada de decisões, de responsabilidade e de futuro”.
Se olharmos para o primeiro ciclo concluímos que há um trabalho que se foi reflectindo ao longo dos anos, “creio que é bem visível. No caso do 2º e 3º ciclo, trabalhamos sempre muito próximos das escolas, o mesmo acontece no secundário. Todos os projectos, todos os planos que as escolas têm executado ao longo dos anos, tornaram-nas numa referência a nível nacional, todas elas e em vários sectores. No sector de projecto têm ganho imensos prémios pelo país, no sector do trabalho inclusivo também, e estamos bem referenciados no sector da avaliação. Penso que a educação aqui no concelho da Póvoa tem feito o seu caminho assente em bases muito sólidas, mas isso deve-se sobretudo à liderança das escolas, aos directores e directoras, mas também às associações de pais que têm dado o seu melhor para que este edifício escolar se mantenha seguro e em constante crescimento”.
A chegada à creche é mais trabalhosa do que o delineado caminho da aprendizagem? “A escala pode ser ‘comparada’ com o acompanhamento dos pais em relação aos seus filhos. Quando entram na creche os pais acompanham de muito perto os filhos, quando estes vão para o pré-escolar estão sempre próximos deles, no primeiro ciclo continuam agarrados aos filhos, no 2º e 3º dão mais uma folga, quando chegam ao secundário deixam-nos voar, e na universidade já não sabem onde eles estão. A vida é isto mesmo, acompanhamos os filhos até que eles ganham asas e temos que deixá-los voar, mas também temos que os responsabilizar”.
As Mudanças Políticas na Governação e na Educação
“Quando há mudanças na governação, entendo que a nível estrutural poderá haver mudanças a nível de gestão. Nós Câmara Municipal temos tido, felizmente, uma relação muito boa com a direcção da DGEstE - um serviço central de administração directa do Estado. Neste momento, o director Geral da DGEstE é uma pessoa extraordinária e tem feito um trabalho muito bom. Desde que as instituições rumem todas para o mesmo lado, trabalhem todos para conseguir o melhor possível para as nossas crianças e jovens, penso que os problemas podem ser debelados sem grande esforço. O contrário é que não seria nada bom”.
E se olharmos apenas para as mudanças nas duas últimas décadas ao nível da exigência? “Houve uma evolução muito grande, sobretudo, pela exigência de todos e até a auto-exigência. Temos sempre que ir mais além. Outra grande mudança tem a ver com o parque escolar, todas as escolas que temos reconstruído, têm sido dotadas de novas infraestruturas e de apoio logístico necessário. É o caso da escola da Giesteira, nas Machuqueiras em Laúndos, isto só para falar no primeiro ciclo porque estavam na nossa dependência. Para além da obra em si, do edifício escolar, tivemos a preocupação de instalar todo o apoio logístico necessário. Em todas as salas existem LCDs interactivos sendo que o professor ou professora, se quiser, pode não utilizar o quadro negro ou branco que está instalado na parede, e pode de uma forma táctil trabalhar com os alunos. Isso foi um grande avanço. Quanto à internet, todos os professores se queixam ao nível do país. O Ministério da Educação custa a resolver o problema, mas haverá um dia que isso acabará por acontecer, funcionar em pleno, não podemos desesperar. É preciso fazer acontecer. Não podemos ficar à espera que aconteçam”.
A passagem da autonomia das escolas para os Municípios é favorável? “Quando fizemos o pavilhão na Escola Secundária Eça de Queirós, esperámos um ano pela autorização do Ministério, se fosse agora que está sobre a alçada do município, podíamos avançar logo e sem problemas. Esse é o principal benefício para a Educação, para as crianças e, no caso, para o desporto. As escolas do primeiro ciclo, os terrenos sempre foram propriedade do Município, desde que cá estou. Nos agrupamentos de escolas e escolas secundárias era difícil fazer alguma coisa porque não eram propriedade nem estavam sobre a alçada do município, agora será mais fácil. A Carta Educativa aponta, por exemplo, para construirmos uma escola de primeiro ciclo na Flávio Gonçalves. Temos terreno, temos espaço e funciona bem. Já tínhamos chegado a essa mesma conclusão nas escolas do Agrupamento de Rates, onde temos uma escola a funcionar do primeiro ciclo que se serve da cantina, da biblioteca, de todos os espaços. Por isso, vamos levar a bom porto esse projecto que temos para a escola Flávio Gonçalves, isto depois de reconstruirmos a Escola dos Sininhos”.
Há em certas escolas alunos de fora do concelho: “Em Rates, durante muitos anos estudaram alunos vindos da freguesia de Arcos, Rio Mau e Gondifelos, mas isso continua a acontecer na cidade. As escolas secundárias têm mais de 20% dos alunos que não são do concelho, mas dos concelhos vizinhos que procuram as nossas escolas para estudar. Esta é uma prova de que as nossas escolas são uma referência”.
A modernidade obriga a alterações de projecto quando se reconstrói uma escola? “Os projectos para as três escolas - Cego do Maio, Beiriz e Rates – é um investimento de milhões de euros. Na verdade, queremos dotar as escolas de tudo o que é necessário para o ensino nos moldes actuais para termos as nossas crianças e jovens comodamente instalados com conforto e qualidade, e com acesso aos instrumentos mais actuais do ensino. Fizemos a recuperação e requalificação da escola Flávio Gonçalves, a escola de Aver-o-Mar que são bons exemplos do que acabei de dizer, mas queremos fazer isso também naquelas três escolas. As candidaturas estão feitas, aguardam apenas uma resposta positiva tal como tantas outras candidaturas de outros concelhos. O Governo diz que irá pedir um empréstimo ao Banco Europeu de Investimento para conseguir dar resposta às escolas todas que estão à espera da reconstrução mais do que necessária. Nessas escolas que vamos intervir, serão feitas também ampliações. Não o fazemos só pelo facto dos alunos estarem a aumentar, mas porque há necessidade de dar qualidade ao ensino. Algumas escolas que o Ministério da Educação construiu há algumas décadas não tinham essa necessária qualidade”.
As Escolas estão Dotadas de Nutricionistas e Psicólogos
“Temos no nosso quadro uma pessoa licenciada em Nutrição que faz um trabalho de ligação constante com todas as escolas na relação com a alimentação servida aos alunos. Há um acompanhamento da empresa que serve as refeições e ao mesmo tempo temos indicação dos alunos que precisam de uma alimentação especial por determinada alergia ou doença. Temos essa preocupação. No campo da psicologia são as escolas que têm esse processo, assim como o da assistência social. No entanto, estamos sempre disponíveis, em ligação constante com o serviço das escolas. Para aquelas famílias que não têm condições, neste ou naquele plano, nós ajudamos. Nesse sentido apoiamos com a acção social da Câmara”.
O município continua a apostar na realização de um concurso para a confecção das refeições escolares: “Podem sempre dizer que podíamos internalizar os serviços, comprar os alimentos para cada uma das escolas, mas fizemos o levantamento desse processo e o preço seria muito mais elevado. Tivemos a Escola de Rates com a cantina internalizada. A escola tinha um cozinheiro, só que o director verificou que os preços aumentaram de uma forma exagerada e não conseguia responder ao preço que custava uma refeição. Para além de que a empresa é obrigada a responder a tudo aquilo que está no caderno de encargos e não pode parar um dia. Imagine que numa cantina faltam dois ou três funcionários, não havia refeições. O número de colaboradores das escolas que estão em falta por atestado médico, que estão doentes, é razoável. Não podemos correr riscos e não temos tido queixas”.
O Governo paga os livros mas é a Câmara, de acordo com a lei, que apoia na aquisição do material escolar: “Sabemos que os livros são gratuitos para todos os alunos, para os que precisam e para os que não precisam, assim o Governo decidiu. Pessoalmente, não concordo. Penso que se nós atribuirmos tudo a todos, estamos a cavar cada vez mais o fosso social. Penso que se apoiarmos, ajudarmos os que de facto precisam, reduzimos também esse fosso social. Sei que há pessoas que não concordam com isso, mas cada um tem a sua opinião e justifica-a. Se o Estado paga os manuais escolares, não paga o livro de fichas. Isso significa que os que podem compram, os que não podem não compram, e cá está mais uma vez o fosso social a aumentar. Se o Estado não desse a todos tudo, a verba gasta nos que não precisam servia muito bem para pagar os livros, fichas e outros materiais. É uma questão, sobretudo, de justiça social a Câmara que não era obrigada a pagar o livro de fichas, como na lei tinha que ajudar na compra de material escolar, ajustámos e assumimos pagar o livro de fichas aos meninos que precisam. Ao contrário daqueles que querem que a Câmara pague os livros de fichas e material escolar a todos os meninos necessitados ou não, estamos de consciência tranquila”.
O ano escolar começou, um pouco por todo o país, com falta de professores. O que foi feito para evitar essa situação nas escolas do Concelho? “A Póvoa não tem falta de professores, se calhar porque ‘é bom viver aqui’. As escolas do concelho não têm lugar para tantos professores que nos procuram. Em Aver-o-Mar entraram 45 novos professores e muitos deles efectivaram. Nas nossas escolas há uma paz social, os alunos estão perfeitamente integrados, não temos casos de indisciplina, não somos notícia pela negativa. Ou seja, para quem ensina somos apetecíveis”.
Depois de alguns ajustes, os transportes escolares estão a cumprir a sua missão? “Os transportes são gratuitos para todos os alunos até aos 23 anos. Só têm que comprar o andante porque a UNIR está ligada ao Metro de superfície. Temos tido uma resposta positiva da empresa. Naturalmente, com o início do ano lectivo houve um reforço do transporte”.
As Escolas como Espaço de Ensino e de Encontro
“No meu tempo de professor, as escolas eram muito diferentes. Para além de serem um espaço de integração, de educação, de ensino essencialmente, eram um espaço também de encontro. Neste momento, há muitos espaços de encontro espalhados por todo o lado. Eram também um espaço de crescimento saudável e os professores eram referências, profissionais muito considerados e respeitados. O seu papel era de facto apetecível. Tudo isso se foi diluindo e a função de professor sofreu bastante. Houve também uma exigência maior por parte da sociedade e os professores sofreram como se viu nos últimos anos, de tal forma que nas minhas visitas às escolas quando perguntava aos alunos o que queriam ser no futuro, na resposta nunca vinha ‘quero ser professor’. Isto é um sinal de que algo está errado. É importante reactivar esse querer ser professor. Para mim não há profissão mais interessante e importante no crescimento básico, sobretudo naquilo que é essencial na formação da pessoa. Sempre guardamos memória dos professores que nos marcaram positivamente. Há pessoas que escolhem a sua via futura porque tiveram aulas, nesta ou naquela matéria, com determinado professor. Isso acontece a todos nós. É uma pedra basilar na nossa construção. Temos que reavivar essa ligação com o corpo docente. Penso que neste momento se começa a valorizar a carreira de professor, não só a nível financeiro, mas sobretudo na necessidade de termos cada vez melhores professores”.
Uma melhor formação também cultural, como ler mais, ajudaria na qualidade do ensino e dos programas futuros? “Ler é a única coisa que nos salva. Nas minhas férias aproveito sempre para ler ou reler. Devoro livros e revisito livros, os clássicos sempre. Voltei a ler Eça de Queiroz, Camilo de Castelo Branco - que reli ainda este verão - e descubro sempre coisas novas. Também releio Machado de Assis com frequência. Naturalmente, leio outros livros, mas o gosto da leitura vem da escola, não vem da minha casa porque o meu pai não tinha formação, vem de professores que eu tive e que nos incentivavam à leitura. Foi isso que eu fiz enquanto docente, incentivar os meus alunos à leitura. Ganhava a aula e tinha técnicas para o fazer, de tal forma que não estava preocupado apenas com o programa, mas que eles gostassem de ler e de escrever. Tentava nas minhas aulas ir ao encontro da vontade dos alunos porque nem todos gostamos de ler as mesmas coisas, e a leitura tem que ser uma descoberta constante. Cada um encaixa na leitura que gosta. Não podemos exigir que eles gostem daquilo que gostamos. É por aí o caminho, fazer com que haja descoberta na leitura”.
E recorda uma conversa que teve com a escritora e amiga Luísa Dacosta: “Ela era professora de português e dizia - as minhas aulas foram sempre um espaço de deslumbramento. É isso, quando estamos com os nossos alunos, devemos deslumbrá-los, fazer com que as coisas sejam uma aparição”.
Teremos que Ser Inteligentes para Lidar com o Artificial
“Nas Jornadas Educativas que promovemos recentemente, estiveram cá vários oradores e falou-se sobre a inteligência Artificial no ensino. De facto não podemos fechar os olhos ao futuro, o futuro é hoje. Temos que aproveitar aquilo que tem de bom esta ferramenta para o ensino e houve uma evolução enorme nesse campo. Agora, estamos neste momento em discussão se os telemóveis devem ou não entrar na escola. Sabemos que há países europeus que já proibiram e vetaram a entrada de telemóveis na escola. Uma moeda tem sempre duas faces, os prós e os contras. Eu sempre que vou a uma escola tento ver nos intervalos o que os miúdos fazem. A grande maioria está sentada diante do telemóvel e não falam uns com os outros. Isso é mau porque há meninos e meninas que são muito introvertidos e não conseguem chegar a uma integração com a sociedade porque têm vergonha de falar com os colegas e põem-se à frente do telemóvel, dessa forma nunca chegarão a ter esta ligação com a escola na sua totalidade, nesse capítulo isso é mau. Como mau é quando estão todos sentados e falar através do telemóvel uns com os outros. Mas, também vejo meninos a jogar futebol, a correr, isto é bom que aconteça. Há as aulas e o tempo de brincadeira, sei que também se brinca com o telemóvel em jogos e se pode ver ou assistir a outras coisas interessantes. Mas, reconheço que a aceleração das tecnologias traz outros desafios e problemas a carecer de afinação”.
Em relação à proibição ou não do uso de telemóvel nas aulas, Luís Diamantino diz estar aberto à discussão das melhores soluções: “O senhor ministro da Educação disse que até ao segundo ciclo se fez uma recomendação às escolas, que sendo autónomas são elas que vão decidir. Algumas já decidiram não ter telemóveis. Também compreendo a posição de alguns pais - eu também sou pai - querem ter ligação constante com os seus filhos, saber onde estão. A escola terá que arranjar aqui um processo, um meio-termo para que as pessoas não fiquem stressadas. Os tempos são outros. Estamos neste tempo não no passado, e este é um tempo diferente. Penso que cada escola terá que encontrar a melhor fórmula, a melhor solução. Eu que faço parte de todos os conselhos gerais de todas as escolas do concelho, estarei disponível para conversarmos e analisarmos, se a direcção entender seguir por esse caminho. No Conselho Geral está representada toda a comunidade escolar. Espero que todos consigamos resolver essa situação pelo melhor”.
Por: José Peixoto
Fotos: Rui Sousa