Para as duas equipas portuguesas envolvidas esta época na Liga dos Campeões, as duas últimas jornadas da Fase de Liga vão servir para testar o real valor e momento de ambas, já em pleno mercado de janeiro. O apuramento via play-off, desde o início da prova, é o objetivo mínimo para ambas e os leões estão (bem) mais próximos do que as águias de o vir a conseguir.
O Sporting CP, 14.º classificado com 10 pontos em seis jornadas, ainda pensa na possibilidade de ficar entre os 8 primeiros, num lugar que permita o acesso direto aos oitavos-de-final da liga milionária, mas realisticamente, se não pontuar com o PSG em Alvalade, no dia 20 de janeiro, a mira ficará irremediavelmente apontada para um lugar de play-off, pois mesmo vencendo em Bilbao na última jornada, os 13 pontos somados nesse cenário não serão suficientes para ficar entre os 8 primeiros.
À parte dessas contas, o Sporting pode nem precisar de mais nenhum ponto para carimbar o seu objetivo mínimo: ficar entre os 24 primeiros. E à entrada para a última jornada, no San Mamés, já ficará (ou não) com essa garantia, em face da conjugação de resultados matemáticos que poderá ser feita nessa altura.
O Benfica (atualmente 25.º classificado) está matematicamente afastado da possibilidade de chegar ao top 8, mas pode acreditar no apuramento via play-off, depois de ter entrado no último túnel de esperança de uma bifurcação complexa nas esperanças de apuramento.
Primeiro com a vitória em Amesterdão (frente a uma das piores equipas da prova até ao momento, o Ajax) e depois frente a um adversário bem mais exigente, com uma exibição segura na Luz, frente ao Nápoles, campeão italiano. Os encarnados precisam de vencer agora em Turim, frente à Juventus, sob pena de entrarem para a última jornada a precisarem obrigatoriamente de derrotar... o Real Madrid, em casa.
Segundo as probabilidades apresentadas pela Betano, o Benfica não é favorito na viagem à Itália, embora se tenha dado bastante bem na última década frente à turma bianconera. A aposta numa vitória encarnada terá sempre um elevado grau de risco, mas os adeptos mais otimistas poderão tirar partido do código promocional Betano para hoje, e tentar o cenário ideal para o Benfica.
É que um eventual empate em Itália levará as águias a somar 7 pontos e nem uma igualdade (por exemplo) frente aos merengues (que faria a equipa terminar a Fase de Liga com 8 pontos) poderá ser suficiente para ficar entre os 24 primeiros. Afinal de contas, vencer em Turim parece ser o único desfecho viável, embora tudo seja possível diante do Real Madrid, na última jornada, embora com hipóteses de pontuar mais remotas ainda.
Prevemos que o Sporting venha a carimbar já na penúltima jornada um lugar entre os 24 primeiros. Não que seja provável a equipa de Rui Borges surpreender o PSG, mas porque quase todas as equipas com ambições de assaltar o top 24 e que têm menos de 7 pontos (ou seja, a pelo menos 4 pontos de distância dos leões) terão jogos igualmente difíceis.
Três exemplos: Union St Gilloise (6 pontos) joga em Munique, frente ao Bayern; o Pafos joga em Stanford Bridge, frente ao Chelsea; o Bilbao, que depois até defronta os Leões, joga em Bergamo, frente a uma Atalanta que se tem dado muito bem nesta fase do atual forma da prova. Se estes três “underdogs” não vencerem em simultâneo, não há forma de imaginar um não apuramento leonino para o play-off.
Uma derrota dessas mesmas equipas interessa ainda mais ao Benfica, que assim, entre os “candidatos debaixo de água” só teria de se “preocupar” com o Olympiakos, que pode de facto “pular”, pois recebe o (instável) Leverkusen e acaba em Amesterdão, com o Ajax. Prevemos que o Benfica, vencendo em Turim, também garanta o play-off. Se não conseguir mais do que um ponto, terá mesmo de se transcender frente ao Real Madrid, se não quiser depender de terceiros.
Importa olhar para o calendário de Sporting e Benfica em janeiro, em plena discussão europeia, lembrando que as últimas duas jornadas da Fase de Liga se realizam em semanas consecutivas (nos dias 20 e 21 e depois todos os jogos da última jornada marcados para dia 28). E a verdade é que ambos podem agradecer pelo facto de não terem nenhum jogo do campeonato teoricamente muito difícil nesse período.
Os Leões recebem o Casa Pia pouco antes de receberem o PSG, em Alvalade, no dia 20. Logo depois, antes do jogo em Bilbau, jogam em Arouca, frente a outra equipa de segunda metade da tabela da Liga portuguesa. O adversário seguinte ao jogo em Bilbau, embora possa revelar-se complicado, também não é uma equipa com ambições europeias: o Nacional da Madeira.
O Benfica, nesse período, terá igualmente adversários que, apesar de poderem surpreender, também não são de primeira linha, como seriam por exemplo, FC Porto, SC Braga, Gil Vicente, Vitória SC ou Famalicão, pelo rendimento que têm tido. As águias jogam em Vila do Conde, frente ao Rio Ave, no dia 18, antes da deslocação decisiva a Turim (dia 21). Entre os jogos diante Juventus e Real Madrid, o Benfica recebe na Luz o Estrela da Amadora, sendo que joga em Tondela, já no início de fevereiro, poucos dias depois de receber o Real Madrid.
O mercado de inverno não deverá ter assim tanto impacto, perante as facilidades ou dificuldades dos dois emblemas de Lisboa a nível internacional. Isto, claro, não se prevendo nenhuma venda milionária, com um ou mais jogadores nucleares a deixar a capital portuguesa.
A verdade é que muito se tem falado em contratações e não tanto em vendas, e voltamos a insistir, sobre tudo de jogadores importantes. Os leões estão com um plantel bastante estável, embora as lesões tenham sido uma constante. Com a CAN também a acabar a 18 de janeiro e perante a perda de Geny Catano por algumas semanas, ao serviço da seleção de Moçambique, não seria surpreendente ver os verdes e brancos recrutarem um extremo/ala, embora haja boa matéria nas camadas jovens, com Blopa e Alisson Santos a ganharem espaço.
Do lado encarnado, o cenário é parecido, embora com uma aparente urgência em contratar jogadores, nomeadamente extremos ou laterais. Apesar das melhorias em todos os processos da equipa encarnada nas últimas semanas, coroada com uma excelente vitória frente ao campeão italiano na Champions, a verdade é que o atual plantel não vale a Mourinho muitos mais planos táticos que aqueles que vem trabalhando, muito à base de médios interiores, em todas as posições do setor do meio-campo para a frente (exceto o avançado).
E perante a lesão de Lukébakio, a situação só piorou, com Bruma indisponível por alguns meses ainda. Os extremos/médios ofensivos da formação não parecem convencer José Mourinho, nem sequer Prestiani ou Schjelderup, duas unidades da equipa principal que seriam sempre opções naturais. O regresso de Rafa tem sido apontado com insistência, e parece ser um dado adquirido que o Benfica fará pelo menos uma contratação importante.
As laterais defensivas também têm sido uma preocupação, com apenas uma unidade viável por flanco. Se Dedic tem dado conta do recado à direita, é também a única unidade a emprestar qualidade suficiente na posição de lateral direito. Do outro lado, Samuel Dahl carece totalmente de concorrentes à altura, sendo também visto como o elo mais fraco do onze titular mais habitual de José Mourinho.
A promoção em definitivo do jovem Campeão do Mundo sub-17, José Neto, poderá ser uma solução, mas ainda se deverá adaptar por algumas semanas à realidade mais exigente da sua ainda curta carreira. Aqui também, a perspectiva mais tranquilizadora será ir ao mercado, buscar um jogador de provas dadas, de preferência. Em sentido contrário, Obrador deverá deixar o emblema encarnado, não tendo convencido sequer na equipa B.
