Voz da Póvoa
 
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Vida privada, mas nem tanto: A melhor história de sempre

Vida privada, mas nem tanto: A melhor história de sempre

Cultura | 11 Janeiro 2024

 

Após viver mais de uma década em Lisboa e constituir uma nova família, decidi mudar para o Norte, um sonho há muito tempo adiado.

Bem sabemos que toda a mudança causa uma certa ansiedade, até mesmo nos adultos, imaginem só como pode afetar o emocional de uma criança de três anos de idade.

A Maria é uma guria especialmente madura, entretanto ter de deixar a casa onde vivera até então, o irmão que tanto amava, a rotina que tinha, mexeu muito com o seu imaginário.

Em uma manhã de domingo, estava eu na cozinha, a preparar o pequeno-almoço, quando ela aparece, toda despenteada, à porta e me surpreende com a seguinte conversa:

— Mãe, sabes que ontem à noite um grupo de Fantasmas Piratas entrou no meu quarto, me amarrou, me raptou e me levou para o navio pirata. E não foi só isso! O comandante me fez caminhar sobre a prancha para que eu servisse de comida aos tubarões e…

Eu interrompi, um tanto preocupada com tamanha imaginação:

— Mas se tudo isso aconteceu, como agora estás aqui?!

Ao que ela, com um sorriso gigante na face e a pular de um pé só para o meu abraço, constatou.

— Ah, mamãe, foi então que tu surgiste com a tua grande espada brilhante e destruidora de trolls (que por certo deve destruir piratas, fantasmas também) e cortou a cabeça de todos eles, e me desamarraste e me salvaste a vida, e agora estas aqui a me proteger, não é?

Quanto menor a idade, maior a imaginação!

Texto: Maria Beck Pombo / Ilustração: Karoline Tonet Diehl

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