Voz da Póvoa
 
...

Uma Volta ao Mundo de Magalhães e Elcano

Uma Volta ao Mundo de Magalhães e Elcano

Cultura | 22 Agosto 2023

 

Como se o mundo fosse feito de calmarias sem pressas, assim podemos traduzir os Ciclos Abertos coordenados por Aurelino Costa e Sousa Lima. Contam já alguns anos, mas só acontecem quando se abre uma porta no tempo de espera, e muito mais que uma certeza, é anunciada uma original constatação. Quem é Abílio Travessas?

O oitavo Ciclo Aberto da Fundação Dr. Luís Rainha não fugiu da regra que passa primeiro por surpreender, desta vez com o violino de Pedro Rebelo a revelar a alquimia da música barroca de Bach.

Seguiu-se a entrega de prémios relativos ao ano lectivo 2021/2022, ao melhor aluna(a) da Escola Secundária Eça de Queirós, e da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, respectivamente, Margarida Finisterra Freitas, que terminou o secundário com 20 valores, com a classificação final para acesso ao Ensino Superior de 200 pontos, e Ana Carolina Gonçalves Rodrigues, que terminou o Mestrado integrado em Ciências Farmacêuticas com 17 valores.
 
Abílio Travessas, licenciado em Direito, mas com uma vida dedicada ao ensino e à curiosidade onde cabe muita história. A viagem da circum-navegação de Fernão de Magalhães e de Juan Sebastian Elcano, sob os auspícios de Carlos I de Espanha, foi o vento escolhido para traçar o rumo de uma aventura quinhentista. 

Na escola primária “os navegadores eram todos valentes”, mas crescemos no estudo e conhecimento, e chegamos aos heróis, mas também aos charlatões. O certo mesmo, é que os portugueses estavam à frente do tempo na navegação. “A Caravela tem uma importância enorme nas descobertas, com as suas velas triangulares permite bolinar, ou seja, navegar contra o vento”, lembra Abílio Travessas. 

Explicar ou contar uma viagem à volta do Mundo entre motins da tripulação, confrontos com indígenas, tempestades, alegrias e tragédias, onde se incluiu a própria morte de Fernão de Magalhães, na ilha de Cebu, nas Filipinas, a 27 de Abril de 1521, obreiro da maior epopeia da história da navegação, concluída por Juan Sebástian Elcano que aportou em Sevilha a 8 de Setembro de 1522, entre 18 sobreviventes perto da loucura, um dos quais António Pigafetta, escritor italiano que narrou o diário da viagem. Não é fácil, mas foi possível com uma daquelas defesas de levantar estádios, não tivesse sido o conferencista, guarda-redes na Académica.

Confessou ser um apaixonado pelos feitos do navegador, Abílio Travessas munindo-se de uma dezena de livros onde buscou o resumo de uma viagem com a cartografia de Magalhães, antes e depois da “mais fascinante das proezas humanas” iniciada em Sanlúcar de Barrameda, a 20 de setembro de 1519, com uma tripulação de 234 homens de várias nacionalidades, distribuídos por cinco caravelas, Abílio Travessas soube agarrar a atenção da plateia numa romanceada coreografia a galope dos autores-investigadores da epopeia de Magalhães.
Apenas um facto com uma certa espiritualidade, António Pigafetta sobreviveu para contar a história que chegou aos nossos dias, tal como o poema de Fernando Pessoa “Fernão Magalhães”, na voz de Aurelino Costa.

Por José Peixoto   

partilhar Facebook
Banner Publicitário