Voz da Póvoa
 
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Um Submarino no Ar Antes que o Avião Aflore da Terra

Um Submarino no Ar Antes que o Avião Aflore da Terra

Cultura | 1 Setembro 2022

 

“O homem que vê aviões debaixo da terra é o título sob o qual Albuquerque Mendes construiu uma exposição com peça de teatro, reunindo trabalhos recentes e antigos, numa unidade essencial para o contar de uma história em dois momentos”. É desta forma que o desdobrável da exposição inaugurada na sexta-feira no ‘Espaço Concreto’ do Cine-Teatro Garrett, anuncia o regresso do artista à Póvoa de Varzim, depois de uma passagem em 1976, onde apresentou as “Três Mortes de S. João Baptista” na Praça do Passeio Alegre num ritual/performance que decorreu durante os III Encontros Internacionais de Arte.

Albuquerque Mendes revelou que o convite surgiu depois da exposição de Valter Hugo Mãe na Biblioteca Municipal, e fala deste percurso que as pessoas fazem no verão: “A terra é infinita. O homem caminha direito como um vedor que recebeu o dom da adivinhação. O lugar dele é a procura. A instalação fala da criação das árvores e das flores da criação. A pintura exposta é um álbum de retratos, mas isto é uma coisa que eu sempre quis fazer: uma exposição Cinderela. Porquê? Porque nunca é só uma exposição, mas algo que se transforma com o chegar da noite”.

O curador Tomás Carneiro referiu que “é mais do que uma exposição que abraça múltiplas formas da representação artística. Ao mesmo tempo gera uma instalação total neste Espaço Concreto onde nos encontramos. É também uma representação cénica de uma peça de teatro da autoria de Albuquerque Mendes. A obra remete para os verões no litoral português, numa retrospectiva de costumes, estilos artísticos e introspecção. Na exposição, encontramos cerca de 60 trabalhos que o artista plástico dedica à Póvoa de Varzim”, e acrescenta que o autor “mistura o burlesco e a ironia, o contra-senso e a subversão do óbvio como dá conta o título da exposição, já que seria expectável que o homem visse aviões no céu e não debaixo da terra”. Daí a observação imaginária dos submarinos a voar ou as árvores e as flores como ementa à mesa das alucinações.

Aires Pereira, Presidente da Câmara, agradeceu a oportunidade da exposição, “muito relevante para nós e para a Póvoa de Varzim”. E acrescentou que “temos vindo a construir de alguma maneira o percurso cultural da cidade”. Revelou que no futuro A Poveira terá um grande espaço expositivo. O Edil agradeceu também a presença de Ana Pinho, Presidente do Conselho de Administração da Fundação de Serralves, ressalvando que “de alguma maneira também podemos contemplar aquilo que a natureza nos ofereceu, bafejando-nos com o mar que todos os dias é diferente”.
 
Talvez nessa diferença Albuquerque Mendes tenha esgrimido a identidade da exposição “O homem que vê aviões debaixo da terra”, acrescentando-lhe um monólogo teatral que teve uma pequena mostra interpretada pelo actor Rui Spranger, que voltará ao palco do Garrett nos dias 6 e 13 de Agosto e 2 e 3 de Setembro. A exposição, pode e deve visitar até 20 de Setembro.

Por: José Peixoto 

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