Voz da Póvoa
 
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Um papão chamado Ansiedade

Um papão chamado Ansiedade

Cultura | 30 Julho 2025

 

Atravessa os dias sem ver o dia passar, o ser humano, inconsciente da sua humanidade.

O sol nasce e morre no horizonte, enquanto conta o tempo que perde por pura inação.

Vive no universo das ideias, dos planos mirabolantes, dos sonhos inalcançáveis, e sofre…

Sofre miseravelmente por tudo aquilo que não tem, por tudo o que não alcança, pela falta do que não faz falta, pelo excesso de anseios que dominam o seu coração, que bate cada vez mais rápido e descompassado, sem a perspectiva de sossego.

As noites tornam-se infindáveis, a insónia atormenta a mente vigilante, imersa em devaneios irrascíveis e cruéis.

Os problemas… estes se entrelaçam e agigantam, parecem insolucionáveis, toldam a razão e ofuscam a fé dos mortais.

Este bicho-papão, que esconde-se no peito ou debaixo da cama tem nome: Ansiedade!
Surge assim, repentinamente, sem que se dê conta de onde surgiu, como uma sombra que envolve e sufoca, apanha o ser humano de surpresa, mas já estava a ser gestada há longa data…

Vem das pequenas atitudes que não se toma, dos pequenos percalços que desvia em nome da boa vizinhança, das decisões que adia, da negativa que cala por receio de ofender o outro, ainda que isso signifique passar por cima de si mesmo.

Nasce dos olhos postos no futuro e dos suspiros pelo passado, do desleixo com o presente que é sempre deixado para amanhã.

Perdidos nessa roda-viva, homens e mulheres buscam incessantemente por qualquer coisa que aquiete as suas mentes atormentadas, que dome esse Corcel selvagem que insiste em cavalgar dentro do peito.

Empanturram-se de pílulas, acendem velas, compram feitiços e embretam-se cada vez mais nesse túnel escuro, amargando o falhanço das suas tentativas.

Rogam aos céus por uma solução e olvidam-se que a cura está dentro de si mesmos!
Cada ser nesse mundo carrega em si a chave para abrir as portas da verdadeira paz.
E é tão simples usá-la: basta aterrar no momento presente e agir!

Desatar um nó de cada vez, sem pensar no novelo como um todo.

Dar-se por satisfeito por ter solucionado cada pequeno problema, sem jogar para depois, pois não existe futuro, apenas o eterno presente que se move à velocidade da sua respiração.

Para enxotar essa fera, basta acender a luz interior, e iluminar debaixo da cama!

Maria Luiza Alba Pombo 

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