Voz da Póvoa
 
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Três Décadas a Guardar Memórias da História e da Criação

Três Décadas a Guardar Memórias da História e da Criação

Cultura | 30 Novembro 2021

A arte rupestre seria já uma forma de comunicar, de escrever. A escrita organizada aparece por volta de 3500 a.C., quando os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme na Mesopotâmia. Os registros diários, económicos e políticos eram feitos na argila, com símbolos formados por cones. Na mesma época, surgem os hieróglifos no Egipto, uma escrita dominada pelos escribas e sacerdotes.

A viagem dos suportes de leitura passou pelas Tabuletas de argila, Óstraco (fragmento de cerâmica), Papiro, Pergaminho, máquina de escrever, computador e… sempre as mãos.
A primeira biblioteca sobreviveu uma quase eternidade na oralidade dos humanos, ainda hoje nos agarramos às estórias do contar. A segunda biblioteca nasceu nas gavetas dos escritores e poetas. Depois vieram os leitores e rodearam-se.

A história tem outros argumentos, e porque somos sempre levados a pensar que a primeira biblioteca nasceu em Alexandria, no Egipto, afinal, segundo os historiadores, foi erguida no Iraque, em Nínive, no século VII a.C., aquela que é considerada a primeira biblioteca do mundo. Acolhia um acervo de 25 mil placas de argila com textos em cuneiforme. A cidade de Nínive foi destruída em 612 A.C.
 
Para que conste, a Biblioteca de Alexandria, no Egipto, fundada no século III a.C., sem dúvida a mais importante da história, teria sido destruída por um ou vários incêndios. Acredita-se que guardava cerca de 700 mil rolos de papiro e pergaminhos, e que conservava as principais obras da antiguidade como documentos de Euclides, Arquimedes e Ptolomeu, entre outros. Alexandria era a seu tempo a cidade cultural mais importante ao nível do conhecimento entre os séculos III a.C. e IV d.C.

A nossa, não a das nossas casas, mas aquela que abriu as portas ao conhecimento por guardar a monumentalidade intelectual do Ser humano nasceu em 1880, com o baptismo de Biblioteca Popular Camões. Em 1913, recebe como herança o núcleo documental do cientista poveiro Rocha Peixoto, constituído por 2794 volumes. Por altura do I centenário do nascimento de Rocha Peixoto, em 1966, a biblioteca herda o Seu nome. Ocupou ao longo da sua história diversos edifícios até ser inaugurado a 30 de Novembro de 1991, o moderno edifício da autoria do Arquitecto J. J. Silva Garcia.

A actual casa dos livros que em breve completa 30 anos, oferece para consulta mais de 180 mil obras, pratica o empréstimo domiciliário, o livre acesso às estantes, ao Fundo Local onde se pode consultar as obras sobre o concelho ou os periódicos poveiros que podem ser lidos em formato digital, além das mais diversificadas actividades de promoção e difusão do livro e da leitura. A sua política é descentralizadora, semeia-se pelas Bibliotecas de Praia (Diana Bar), pólos de Leitura em Aguçadoura, Amorim, Balasar, Estela, Laúndos e Rates, Bibliotecas Escolares nas Escolas 1.º Ciclo do Concelho e Bibliotecas Partilhadas.

Sobre a idade da escrita, Ana Hatherly desmaiou no papel a tinta: Por entre incríveis e encantados freios / a mão que escreve / ilumina / da simples palavra / o trabalho obscuro em seu dentro.


Por: José Peixoto

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