Voz da Póvoa
 
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Sonhar o Bom e Acontecer o Sublime

Sonhar o Bom e Acontecer o Sublime

Cultura | 2 Agosto 2023

 

É preciso sonhar o sublime para acontecer. A viagem começou há 45 anos, nem uma pandemia conseguiu atravessar-se no caminho do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV). A edição deste ano que decorreu durante o mês de Julho, ofereceu ao grande público a estreia em Portugal da Soprano, pianista e compositora britânica, Rachel Fenlon; agrupamento vocal estónio especialista em canto gregoriano e polifonia medieval, Vox Clamantis; Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim, dirigido por Nuno Coelho, maestro convidado da Orquestra Gulbenkian e maestro principal da orquestra do principado das Astúrias; Woodpeckers Quartet, quarteto feminino de flautas de bisel originário de Estocolmo; o pianista húngaro, Zoltán Féjérvári, e o maestro Valentyn Uryupin, que dirigiu a Orquestra Gulbenkian no Prelúdio “A feira de Sorotchintsyi“ de M. Moussorgsky e no célebre “Pássaro de Fogo“ de I. Stravinsky, na versão revista de 1945. Este último concerto que encerrou no Cine-Teatro Garrett o FIMPV contou ainda com a lenda viva do piano, Viktoria Postnikova, que interpretou o 2º Concerto para Piano e Orquestra, Op. 18, em dó m, e que serviu também para celebrar os 150 anos do nascimento de Sergei Rachmaninoff.
 
A estreia absoluta do Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim, no dia 16 de Julho, no Cine-Teatro Garrett, segundo o Director Artístico do festival foi a concretização de um sonho, “nasceu não só para a criação de novas obras, mas também para uma vista de olhos nova pelas antigas obras de grandes compositores”. Segundo Raúl da Costa, “pretende-se em cada ano que o FIMPV acolha a interpretação de obras por este Ensemble”, que tem como objectivo “levar o nome da Póvoa de Varzim também além-fronteiras”.

O Cine-Teatro Garrett, a Igreja Matriz e a Igreja Românica de Rates foram os palcos onde se ouviu a música erudita de Franz Schubert, Helena Tulve, Guillaume de Machaut, Arvo Pärt, Valentin Silvestrov, Francisco Coll, Ravel, Ibert, Ysaÿe, J. S. Bach, Vivaldi, Dmitri Shostakovitch, Mozart, Joly Braga Santos, J. Brahms R. Schumann, Beethoven, Debussy, Sergei Rachmaninoff, Chopin, Vianna da Mota, Tchaikovsky e alguém mais que se me escapou. 

Entre os intérpretes, não se trata de destacar ninguém, o elenco escolhido pela organização do Festival foi de superior gosto e exigência maior, apenas refiro a Soprano catalã e sublime intérprete de Harpa, Arianna Savall, que na Igreja românica de S. Pedro de Rates, desmistificou sonoramente “A Rosa dos Ventos” com poemas em escocês, catalão, latim, norueguês e em português “Harpa e Delírio D’água” do poveiro Aurelino Costa. Um momento esculpido na memória dos presentes que outras vozes ouviram entre os dias 7 e 29 de Julho. Eu diria: até Jazz, que por lá também se ouviu.

Texto: José Peixoto 

Fostos: FIMPV

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