Voz da Póvoa
 
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Serendipidade ou o Acto do Acaso na Criação

Serendipidade ou o Acto do Acaso na Criação

Cultura | 15 Janeiro 2024

 

No meio de tanta cor se encontrou a “Serendipidade” de Fátima Sardinha. Nas paredes da sala de exposições da Biblioteca Rocha Peixoto podemos encontrar espelhos da nossa invisibilidade, pinceladas abstratas a caminhar para um certo impressionismo. A arte é tantas vezes: retirar da carne aquela pequena escultura sem sentimentos. É como dar aos beijos o batom, tão nitidamente carregado de lábios. Tão nitidamente. Como se a tarde não caísse, como se o dia nunca acabasse, em ti se ausentasse e sumisse, a minha presença, a tua gulosice.

Na idade pequena, Fátima Sardinha, que nasceu em Faro em 1975, demonstrou a sua curiosidade e, mais tarde, afinidade com a arte. Aos 14 anos, produziu o seu primeiro espanto em óleo, enquanto aluna do Clube de Pintura do Liceu local. 

O seu percurso artístico conquistou espaço e tempo para se desenvolver e afirmar, mesmo seguindo um compromisso com o campo da educação. Em 2000, passou a residir na Póvoa de Varzim, onde permanece até hoje. Doutorada em Estudos da Criança, a sua paixão pela pintura nunca esmoreceu porque é na arte que o ser humano se impõe às outras espécies.
 
No prospecto da exposição “Serendipidade” pode ler-se que a obra de Fátima Sardinha, “ostenta uma densidade emocional, capturando estados de alma e acontecimentos por intermédio da sinfonia da cor, da textura e do ritmo. Desde o seu regresso à pintura em 2018, na sequência de um burnout, revelou-se à luz nacional e internacional, com a sua criação artística figurando numa miríade de palcos e exposições. O seu método predilecto é o impasto alla prima com óleo puro, um caminho que lhe faculta a capacidade de gerar pinturas surpreendentemente tácteis e tridimensionais. A sua obra é profundamente evocativa, convocando uma miríade de sentimentos, memórias, imagens e ideias que fluem dos meandros de sua mente, tanto consciente quanto subconsciente. Por via da sua arte, estimula o espectador a penetrar o sanctum das suas próprias percepções e emoções, urdindo, assim, um espaço de contemplação e introspecção”.

Para além da sua identidade como artista, Fátima Sardinha “é a fundadora do Screamingart Group, uma comunidade internacional de artistas cujo desiderato é o intercâmbio de vivências, a promoção da arte-terapia e a organização de exposições. O seu compromisso com a arte enquanto meio de cura e cimentação de conexões transparece em todos os aspectos da sua obra, desde as telas até às suas colaborações com outros artistas”.

Por via da sua arte, Fátima Sardinha perpéctua a sua missão de gerar beleza, incitar à introspecção e construir pontes entre indivíduos de todas as esferas da existência. Pode e deve confirmar o elogio até 16 de Janeiro, na Biblioteca.

Por: José Peixoto

Fotos: Rui Sousa

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