Lavei minha face em águas consagradas,
De ocultas fontes, pia abençoada.
Eis-me disposta, envolta em valentia,
Para enfrentar o leão que o dia envia.
Rogai por nós, ó Deus de pura luz,
Conduzi, vós, nosso caminho, nossa cruz.
Hoje ao despertar e levantar da cama,
Sorver o café quente feito por quem ama.
Beijar as crianças, fruto do meu ser,
E com o meu amado, voltar a viver.
Sublime é a vida, dádiva tão cara,
Que para os humildes configura jóia rara.
Não procuro fortuna nem grandeza,
Mas o suficiente para o vinho e o pão na mesa,
O amparo dos filhos, o corpo aquecido,
E do marido o conforto merecido.
O resto, ó céus, é fé e esperança,
Pois no essencial jaz a bonança.
Não se pode ser Camões todos os dias…
Maria Luiza Alba Pombo