Entrou a arder no céu e a estoirar no ouvido.
A festa calou para cantar o fadista, que se despediu no primeiro dia de 2021.
O homem das castanhas era o mesmo homem da cidade, que nos encantou um dia “por morrer uma andorinha não acaba a primavera”.
Na voz de Carlos do Carmo
Se deixaste de ser minha
Não deixei de ser quem era
Por morrer uma andorinha
Não acaba a primavera
Como vês não estou mudado
E nem sequer descontente
Conservo o mesmo presente
E guardo o mesmo passado
Eu já estava habituado
A que não fosses sincera
Por isso eu não fico à espera
De uma ilusão que eu não tinha
Se deixaste de ser minha
Não deixei de ser quem era
Vivo a vida como dantes
Não tenho menos nem mais
E os dias passam iguais
Aos dias que vão distantes
Horas, minutos, instantes
Seguem a ordem austera
Ninguém se agarra à quimera
Do que o destino encaminha
Pois por morrer uma andorinha
Não acaba a primavera
Composição: Francisco Viana / Frederico de Brito.