Voz da Póvoa
 
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“Por este rio acima” até ao céu das semifusas

“Por este rio acima” até ao céu das semifusas

Cultura | 2 Julho 2024

 

O Fausto Bordalo Dias nasceu a 26 de Novembro de 1948, a bordo do navio "Pátria", durante uma viagem entre Portugal e Angola. Tinha 75 anos e uma vida dedicada à música. Um dia destas foi-se embora com a sua guitarra para interpretar uma última canção “a eternidade”.

Lembro apenas que em 2009, com José Mário Branco e Sérgio Godinho, fez o espectáculo "Três Cantos", sobre o repertório dos três músicos, dando posteriormente origem a um álbum com o mesmo nome e que convém conhecer. Por isso vos deixo com as palavras 'roubadas' a Sérgio Godinho, um companheiro na vida e no palco.

“O que há de tão especial e único no Fausto (“notável”, como ele gostava de dizer), é o facto de ele ter criado um estilo pessoalíssimo, uma estética inspirada na música de raiz portuguesa, nos ritmos e até instrumentação própria, acrescentando a modernidade da sua forma de tocar a guitarra acústica, também ela pessoal e quase intransmissível. Cimentou esta estética nessa obra-prima chamada “Por este rio acima”, que está e estará sempre em lugar de honra na história da música portuguesa. Qualquer música.

De certo modo, ironicamente, o Fausto foi sempre seguindo (e perseguindo) a cartilha que ele próprio criou, com regras estritas e rigorosas, a que pouco fugia. Talvez a aventura dos “Três Cantos” tenha sido um pouco a excepção, porque entrecruzou três universos, e porque teve a batuta do Zé Mário Branco a dar-lhe uma unidade comum e particular. Um momento único para os três, de muito boa memória.

Não falei aqui de “‘O namoro”, que lhe “roubei”, e gravei antes dele próprio o fazer. E ponho de parte os sentimentos que me atravessam neste dia tão triste. Sabia-o doente, mas é sempre um choque quando a morte bate à porta de um amigo, e nem pede para entrar”. 

Foto de Reinaldo Rodrigues, 2009

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