Quando ouvimos falar da McDonald’s somos atraídos pelos sabores servidos nos seus restaurantes e pelo profissionalismo dos seus colaboradores, mas dificilmente nos passa pela cabeça que nos seus quadros existam escritores, poetas, pintores e outros criadores de arte.
“A poesia foi descoberta quase por brincadeira. Sempre gostei de cinema e, por vezes, despertava em mim uma imagem ou uma sequência que me levava a escrever o que via e sentia. Recordo que o primeiro poema que escrevi foi inspirado num filme que assisti do Benjamin Button. Havia uma sequência de dança à noite e o cenário agarrou-me. Peguei no telemóvel e descrevi aquela sequência como se fosse eu a protagonizá-la. Isso acontece há cerca de seis anos e a partir daí comecei a descrever muito do que via como se fosse vivido por mim”, recorda Ricardo Manuel Gavina Castiço.
Nasceu em 1984, nas Caxinas, Vila do Conde. Em 2000, entrou para o restaurante McDonald’s de Vila do Conde, como funcionário e aí permaneceu 4 anos. A seguir, esteve 15 anos na indústria numa conceituada empresa, mas regressou à McDonald’s em Janeiro de 2020. Actualmente, é Assistente de Gerência no Restaurante McDonald’s em Aver-o-Mar. Em edição de autor, publicou em Dezembro de 2019, o livro de poesia ‘Entre Amor e Sedução’, e em Janeiro de 2021, “Psique’.
Os primeiros passos na escrita foram dados para encontrar o seu próprio caminho: “No início achei que tinha alguma dificuldade na descrição dos personagens e da sua envolvência na estória, mas decidi testar-me e comecei a escrever. Acontece que, dez páginas depois, não tinha escrito nada que me convencesse, mas isso acabou por ser o pão da poesia porque passei a escrever o que sentia, aquilo que era realmente meu. E cada texto resumiu-se a algumas linhas”.
Ricardo Castiço confidência que escreve “quando estou em casa, nas minhas pausas de trabalho, quando vou buscar a minha filha ao colégio, em todo o lado e sempre no telemóvel, onde tenho um ficheiro. Escrevo porque sinto a necessidade de o fazer. Deixo-me levar pelo pensamento”.
Os livros publicados são uma edição de autor: “Fiz a selecção de poemas e de certas frases motivacionais com uma estrutura poética. Tive ainda a ajuda de uma revisora profissional. O primeiro livro ‘Entre Amor e Sedução’ não é uma coisa nem a outra, talvez as palavras sobrevivam no meio do amor e da sedução. A capa é a reprodução de um quadro do meu irmão em serapilheira”.
O poeta quis acrescentar algo aos livros: “Gostava que ajudassem alguém e nesse seguimento, contactei a McDonald’s – onde já tinha trabalhado e voltei a trabalhar - com o propósito da venda dos livros reverter para a Fundação Infantil Ronald McDonald. Fruto desse contacto, publicaram na nossa rede social de trabalho (workplace), uma fotografia minha e a explicação ‘Ricardo Castiço tinha dois livros editados’. Foi dessa forma que o Vítor Almeida soube que eu escrevia”.
Quando acreditamos em nós o mundo é mais fértil: “Gosto de me expressar da forma que se lê nos meus livros. O meu objectivo em editar nunca foi ser reconhecido como poeta ou escritor. Quis editar um livro para minha realização pessoal. Consigo aceitar as críticas de quem me lê, positivas ou negativas. A opinião do leitor é de que escrevo muito sobre mim. Na verdade, nunca quis que julgassem a pessoa, mas o que escrevo. Penso que a minha escrita me identifica como autor”.
Quanto ao seu regresso à McDonald’s, Ricardo Castiço reconhece que: “Voltei porque já conhecia a casa e é um local que me permite conciliar a minha atividade profissional com a minha paixão, a escrita. Encontrei uma realidade um pouco diferente, mas adaptei-me facilmente porque me recordava de muitos processos desempenhados no passado. A McDonald’s evoluiu em todas as áreas, embora as bases continuem. Com as tecnologias, fomos adaptando a excelência à exigência. É importante conhecer a mensagem que os clientes estão a passar, se gostam do serviço, se estão satisfeitos com o atendimento ou se têm alguma dúvida. Na gestão dos turnos, tenho que alocar as pessoas em cada posto e acompanhar para perceber se o serviço está a correr como foi idealizado. Desenvolvo as minhas tarefas e contacto com a equipa de assistentes que está comigo”.
O Talento Profissional e o Criativo têm Lugar na McDonald’s
Vítor Manuel Camilo de Almeida é gerente de restaurante e reconhece que é sempre bom encontrar o sentido criativo dos funcionários: “A McDonald’s partilha na sua rede social interna os talentos que se vão descobrindo nos nossos restaurantes. O Ricardo editou dois livros e continua a escrever, mas há outros talentos, há pessoas que desenham, que cantam, temos outros artistas. Partilhar isso com a comunidade McDonald’s, permite às pessoas sentirem que não precisam dedicar todo o seu tempo ao trabalho no restaurante, podem fazer outras coisas interessantes. O processo criativo é sempre mágico. Como responsável, fico feliz que o dia-a-dia do Ricardo lhe dê motivação e inspiração para escrever, conciliando o trabalho com o processo de escrita. Vejo isso como algo muito positivo”.
A McDonald’s é uma empresa para várias idades e disponibilidades: “Temos horários full-time para quem precisa de segurança financeira consistente, ou part-time para quem estude ou para quem precise de ter mais tempo livre para as suas famílias ou praticar qualquer desporto ou atividade. Estar em part-time não significa que não venha um dia, a trabalhar a tempo inteiro, desde que vá ao encontro daquilo que são as possibilidades do restaurante e vontade do próprio colaborador. Procuramos sempre adaptar-nos às necessidades das pessoas. O nosso desafio é fazer com que funcione em pleno e acho que temos conseguido com sucesso”.
E acrescenta: “A formação das nossas pessoas é a nossa maior aposta. Recrutamos colaboradores sem qualquer experiência a quem prestamos formação contínua, acompanhando a par e passo a evolução do trabalho no restaurante. Temos um plano de bolsas de estudo implementado nos restaurantes, a nível nacional, onde atribuímos duas bolsas de estudo por restaurante (são 189) a funcionários que estejam a frequentar, ou queiram ingressar, o ensino universitário. Neste restaurante (Póvoa de Varzim) temos dois funcionários a quem foram atribuídas bolsas. Tentamos que a pessoa, lá fora, consolide a sua formação académica enquanto trabalha connosco. Continua a ser possível, e cada vez mais, fazer carreira na McDonald’s. Eu e toda a minha equipa de gestão somos exemplo dessa realidade, inclusive cerca de 50% dos colaboradores do escritório iniciaram a sua carreira nos restaurantes. É possível na McDonald’s fazer um plano de carreira. Tentamos corresponder às expectativas de cada um”.
Quanto ao restaurante McDonald’s que abriu recentemente em Aver-o-Mar, Vítor Almeida diz que, “está a corresponder às nossas expectativas. Sinto que temos a preocupação em prestar um bom serviço, queremos que as pessoas tenham uma boa experiência e falem do restaurante, que voltem e tragam mais pessoas consigo. Estamos a formar uma equipa cada vez mais experiente, cada vez mais sólida para prestar esse serviço de qualidade de forma contínua. Diria que nestes quase três meses de actividade, tivemos pequenas grandes vitórias e a maior delas é o facto de estar a corresponder às nossas expectativas”.
Por: José Peixoto