Voz da Póvoa
 
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Partiu Como se fosse “A Sombra do Vento”

Partiu Como se fosse “A Sombra do Vento”

Cultura | 19 Junho 2020

A Sombra do Vento ficou mas escritor Carlos Ruiz Zafón, que viveu os nos últimos 25 anos em Los Angeles, Califórnia. partiu hoje, 19 de Junho, aos 55 anos, vitimado por um cancro.
Era sem dúvida um dos escritores mais reconhecidos da literatura contemporânea e o escritor espanhol mais lido em todo o mundo depois de Cervantes. As suas obras foram traduzidas para mais de cinquenta línguas e reconhecidas com os principais prémios

Fica uma pequena biografia para que possamos chegar mais perto:

Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona a 25 de setembro de 1964. Depois de estudar com os Jesuítas de Sarrià, matriculou-se na Faculdade de Ciências da Informação de Barcelona. Trabalhou durante alguns anos como diretor criativo de uma importante agência de publicidade em Barcelona. Mudou-se para os Estados Unidos e, em 1992, decidiu dedicar-se em exclusivo à literatura.

Em 1993, dá-se a conhecer com O Príncipe da Neblina, considerado um dos seus melhores romances para jovens e que, juntamente com O Palácio da Meia-Noite e As Luzes de Setembro, forma a Trilogia da Neblina. Em 1998, publicou Marina, talvez a mais pessoal de todas as suas obras.

Em 2001, publicou o romance A Sombra do Vento, uma obra best-seller a nível mundial e que é o primeiro livro da tetralogia O Cemitério dos Livros Esquecidos. Esta saga literária inclui: A Sombra do Vento (2001), O Jogo do Anjo (2008), O Prisioneiro do Céu (2011) e O Labirinto dos Espíritos (2016); todo um universo literário que se tornou um dos grandes fenómenos da literatura mundial.

«A voz de Ruiz Zafón é de uma originalidade à prova de bala. A Sombra do Vento anuncia um fenómeno da literatura popular espanhola.» O romance estava nas livrarias há algumas semanas, quando Sergio Vila-Sanjuán escreveu esta declaração em La Vanguardia, em junho de 2001. Nesse mesmo ano, foram impressas cinco edições, mas o verdadeiro fenómeno demoraria alguns anos a chegar. Durante vários anos A Sombra do Vento foi o livro mais vendido em Espanha e a sua publicação seria acompanhada de uma enorme popularidade em Itália, França, Holanda, Alemanha... e assim sucessivamente até um total de cinquenta países, incluindo os Estados Unidos, onde o The New York Times comparou Zafón a García Márquez, Umberto Eco e Jorge Luis Borges.

Quando a segunda parte da tetralogia foi publicada, A Sombra do Vento já tinha ultrapassado os dez milhões de leitores e ocupado um lugar de destaque na história da literatura. Tanto assim que, em 2014, os Penguin Classics, ao escolher os 26 clássicos da história da literatura mundial (tantas quantas as letras do alfabeto) para uma coleção comemorativa, deram o Z a A Sombra do Vento. Ruiz Zafón, na companhia de Charles Dickens, Jane Austen, Marcel Proust e James Joyce.

«Se alguém chegou a pensar que o verdadeiro romance gótico tinha morrido no século XIX, este livro vai mudar de ideias. Um romance cheio de esplendor e armadilhas secretas onde até as subtramas têm subtramas. Nas mãos de Zafón, cada cena parece ter sido retirada de um dos primeiros filmes de Orson Welles. É preciso ser um verdadeiro romântico para apreciar todo o seu valor, mas se o for, então é uma leitura deslumbrante.» STEPHEN KING

A receção de O Jogo do Anjo e O Prisioneiro do Céu não foi diferente: «Proclamo Zafón, o Dickens de Barcelona, o escritor mais talentoso da atualidade para a arte narrativa», afirmou o Corriere della Sera. E o USA Today confirmou: «Ele reinventou o que significa ser um grande escritor. A sua capacidade visionária de contar histórias já é um género em si mesmo.»
Em 2016, foi publicado o seu último romance, o culminar da tetralogia. O Labirinto dos Espíritos, uma obra magistral que dá a todo o projeto narrativo uma força arrebatadora e pleno significado ao distinto universo pessoal zafoniano.

O Cemitério dos Livros Esquecidos tornou-se um símbolo universal da defesa da leitura, da sobrevivência da memória através dos livros e do refúgio daqueles que neles acreditam.

Para além do entusiasmo de milhões de leitores em todo o mundo e da aclamação da crítica, os livros de Carlos Ruiz Zafón têm recebido inúmeros prémios em todo o mundo.

Sem dúvida, hoje é um dia muito triste, pois deixou-nos um amigo, um grande criador e um dos melhores romancistas contemporâneos.

Helena Magna Costa
hcosta@planeta.pt mailto:hcosta@planeta.pt

 

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