A memória do longe é aquela que fica mais perto, amadurecer é o caminho dos nossos princípios. O outro passo seria renascer. Podemos fazê-lo em qualquer idade, mas o corpo dita o incapaz. Mas, a arte que encontramos é resultado de uma ideia em permanente metamorfose. Sobra-nos a inquieta equação capaz de nos manter à superfície de qualquer moderna manipulação. Não podemos aceitar o feito com defeito. Buscar o perfeito é percorrer a estrada da eternidade. O lado belo da arte é a existência de uma incerta razão, mas acreditamos que será nunca uma efeméride.
Nesse sentido, a inauguração a 19 de Fevereiro, da exposição “Colecção de Arte Varzim-Sol”, no âmbito do 26.º Correntes d'Escritas, é uma viagem pelo mundo da pintura e da escultura que a criatividade dos artistas foi capaz de eternizar. Destaque para nomes como Júlio Resende, Júlio Pomar, Graça Morais, Julião Sarmento e Armando Alves, que entre 2006 e 2013, receberam o Prémio de Artes Casino da Póvoa.
Mas, há mais para nos pasmar, um conjunto de obras cujas representações e linguagens assentam nos costumes, paisagens e lugares da Póvoa, ou do próprio Casino. Talvez se entenda agora a escultura de Fernando Pessoa que está ao lado do Casino, da autoria de Fernando Simões, inaugurada em 2008, para assinalar os 120 anos do nascimento do poeta, uma oferta da Varzim-Sol.
A inauguração contou com a presença do Secretário de Estado da Cultura, Alberto Santos, Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, Administrador da Varzim-Sol, Dionísio Vinagre, e o curador da exposição, Tomás Carneiro.
A mostra fruto de uma parceria com o MIAC situa-se em criações de arte deste século. Esteticamente, os seus autores que repartiram as suas vivências pelos séculos XX e XXI, naturalmente, oferecem-nos essa partilha.
Nada aparece ao acaso pelo espaço expositivo. Há uma narrativa de memória do tempo orientada pelo critério cronológico da data de nascimento do Artista Criador seleccionado. O legado criativo em objectos de arte é a maior das heranças dos viventes terrenos, que almejam despertar a consciência colectiva. A arte é vida capaz de se reinventar em cada olhar, em cada interrogação.
Por: José Peixoto
Fotos: Rui Sousa