Fui ao Pátio Café, mas o contrário no nome também serviu para dizer sim ao convite de António Pedro Ribeiro, que apresentou no dia 5 de Abril, “O Poeta Underground passeia-se na cidade com Dionísio e Jim Morrison”. O título, não sei porquê, transportou-me para um tempo de leitura de um livro de António Lobo Antunes “Que cavalos são aqueles que fazem sombra no mar?”
Os escritores ou poetas são o imaginário secreto de uma qualquer profecia. Talvez por isso, a sua existência atravesse toda a humanidade. Ninguém mais que estas criaturas desinteressadas da pequenez é capaz de dar à palavra escrita todas as vozes da oralidade do mundo. Podemos espasmar com uma revolução tão necessária quanto urgente, diria mesmo para ontem.
António Pedro Ribeiro tem na sua conta pessoal mais que muitos livros e desesperos contidos, mas é no corpo amante que se fez poeta, é no corpo ofegante que se fez palco, e no entanto convidou para dizer o seu livro, para além dele próprio, Isaque Ferreira, José Azevedo Nóbrega e João Pedro Azul.
O Pátio é um Café que se transforma num palco para a poesia, lançamento de livros, concertos e outros ais domésticos ou nem por isso. A única certeza que fica é a partilha, a elevação do saber e do querer. Há em cada mesa um sorriso, um preguiçar amigo ou uma vontade de se sentir humanizado pela arte, pela sublime criação.
Por: José Peixoto
