Voz da Póvoa
 
...

O Ofício de Sargaceiro Revivido no Dia do Pescador

O Ofício de Sargaceiro Revivido no Dia do Pescador

Cultura | 7 Junho 2023

 

É sempre de louvar iniciativas que nos fazem recordar ou viver uma primeira vez, uma arte quase desaparecida como o ofício de sargaceiro, em tempos tão comum na costa poveira. O convite é sempre para os mais pequenos ou ainda em formação, por isso as ‘Artes & Ofícios’ apresentam-se na Sala infantil e juvenil da Biblioteca Municipal, que desta vez recebeu Alberto Gomes Novo.

Sargaceiro a ver o Mar, natural de Aver-o-Mar, Alberto Gomes Novo nasceu a 28 de Março de 1941. À agricultura que herdou dos pais e avós, deu-lhe continuidade até onde a força e a vontade o permitiu. Para assegurar uma rentabilidade mensal, foi empregado e, mais tarde, encarregado durante quatro décadas na fábrica Quintas & Quintas. As terras que transformou em pão eram adubadas com fertilizantes do mar, o sargaço, que fez dele um sargaceiro. Desde o forte de São João em Vila do Conde até Santo André em Aver-o-Mar, calcorreou todas as areias, arrancou das marés a pé, fora ou dentro da água com a graveta, o sargaço possível, arrastando em carrela ou ganha-pão até o fazer secar nas areias do mar. 

O Dia do Pescador foi também do sargaceiro, que consigo trouxe alguns aprestos da apanha do sargaço para mostrar aos curiosos miúdos um conhecimento ancestral, que servia para fertilizar as terras.

De forma simples, Alberto Gomes Novo explicou cada gesto ou força necessária para arrancar do mar, arrastar pela água e areia acima as algas marinhas, o popular argaço, de como era carregado em carrela e estendido a secar no areal. Também se arrancava ou apanhava de barco ou de cortiço em forma de carrela com a mestria de apenas um homem. Depois, em circular meda crescia metro e meio, às vezes dois, coberto por colmo de palha para se defender da chuva. Cinco ou seis meses depois carregado em carroças puxadas por burros ou cavalos, chegava aos campos onde os lavradores com arte estendiam pelas terras antes do arado que virava a leiva em cima.
 
Foram muitas as perguntas, nenhuma ficou sem resposta. Em função do vento e das marés se fizeram “A Maresia e o Sargaços dos Dias” como escreveu Luísa Dacosta a ver o Mar do seu moinho em Aver-o-Mar. 

Por: José Peixoto 

Fotos: Rui Soisa

partilhar Facebook
Banner Publicitário