Voz da Póvoa
 
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O Mar Que Define Horizontes da Criação

O Mar Que Define Horizontes da Criação

Cultura | 17 Setembro 2022

 

É sempre ao sábado que as portas d’A Filantrópica se abrem a novas exposições. No dia 3 de Setembro “O Mar Que Me Define” de Isabel Babo, encheu de sal as paredes e o espaço da galeria da Cooperativa Cultural.

Licenciada em Artes Plásticas-Escultura, nasceu em Barcelos, mas vive na Póvoa de Varzim e lecciona Artes Visuais na Escola Secundária Eça de Queirós. A pintura e a escultura saindo das mãos de Isabel Babo ganham corpo com técnicas artesanais e materiais que a artista recicla depois de muito caminhar pela areia que expõe na desordem muito do que o mar devolve. 

“Se a peça já tiver um cunho muito figurativo, por vezes vejo nela uma forma, outras vão surgindo ou fazem parte de um projecto diferente. A exemplo dos xailes que para se formarem, todo o material que recolhi tinha que coincidir com os meus exercícios de desenho, de esboço, que vou fazendo para uma peça futura. A ideia é transmitir emoções e os xailes representam a morte, o afago, a noiva. Tenho também quadros na parede que transmitem apenas uma mensagem simbólica, embora os materiais que utilizo criem uma marca pessoal, como se fossem uma pegada. A minha obra é de sensações, do tacto, da visão, embora eu preferisse que só tivesse olfacto, como se sente em algumas peças descoradas, desgastadas e possuídas pelo mar. De certa forma, uma escultura já está meia feita”, revela Isabel Babo. 

Há peças que ganham corpo numa instalação que podem ser aproveitadas para um outro corpo expositor: “Faço Isso. Por vezes pego numa obra e junto a outra e construo uma nova interpretação, quer seja para uma instalação, quer para uma composição. Na minha sensibilidade interpretativa, é uma instalação se a peça estiver interligada com o espaço, e passa a ser uma composição quando o espaço não interfere muito na leitura da obra. Claro que o tema maior é o mar, de onde nunca fujo. Por vezes três peças dão forma a uma ideia, mas isso não impede de serem vendidas no conjunto ou em separado”.

Isabel Babo gosta de provocar sensações e embora com muito sal a sua obra obedece a um certo tempero: “Não sou pessimista, não vejo o mar como uma desgraça, embora interprete esses temas. O mar para os pescadores é uma obsessão como a minha pela arte. Nós não sabemos porque ê que fazemos aquilo, está na nossa natureza. Podia fazer outras coisas, mas não consigo me libertar desta inquietação. Acho que há uma ligação emocional, não é só com o mar no abstracto, é o mar e as suas gentes que dão sentido ao meu trabalho”.

A exposição “O Mar Que Me Define” espera por si até 1 de Outubro. 

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