Comemoram-se este ano os 500 anos do nascimento de Luís de Camões. Camões, o incompreendido, Camões, tão mal dado nas escolas, Camões, dividido em orações, em vez de gerar o entusiasmo nas novas gerações. Camões esquecido.
Atendem nestes versos do imortal poeta: "A troco dos descansos que esperava/ das capelas de louro que me honrassem/ trabalhos nunca usados me inventaram/ com tão duro estado me deitaram."
Aqui, Camões condena todo um país que o deixou na miséria.
Tão-pouco exalta os ambiciosos e os poderosos, os que querem subir "a grandes cargos/ (...) Só por poder com torpes exercícios/ Usar mais largamente de seus vícios."
"Ah, falso pensamento, que me enganas! Fazes-me pôr a boca onde devo./ Com palavras de doudo, e quase insanas./ Como alçar-te tão alto assi me atrevo? Tais asas, dou-tas eu, ou tu mas dás?(...)"
Perfeitamente actual e divino. Simplesmente divino. Louco divino. Eis Camões, o Grande Camões, ainda por descobrir.
António Pedro Ribeiro, Sociólogo, cronista, poeta e intérprete sem trono...