Voz da Póvoa
 
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O Círculo das Sete Guardiãs

O Círculo das Sete Guardiãs

Cultura | 10 Outubro 2025

 

Eram sete… 

Abrigadas pelo verde profundo da mata, a aguardar o nascimento da Lua Cheia, Sete Mulheres, a perscrutar caminhos abertos nas labaredas da fogueira que ardia no interior daquele círculo sagrado, onde não havia espaço para dogmas religiosos de nenhuma ordem, apenas para o culto ao amor universal, para o respeito à vida e às energias que movem o vasto Universo em que habitam.

Na clareira viva, onde o tempo sustinha a respiração, ergueram as mãos nuas ao céu cravejado de estrelas, e o vento respondeu com murmúrios ancestrais.

Ali, sob o manto cintilante na noite, desfiavam-se os véus do invisível e despertava, no coração de seis aprendizes, o chamado gravado em suas veias por gerações esquecidas, alimentando em seus corações o instinto antigo dos que correram, outrora, dentre os Povos das Árvores, guiadas pela experiência de quem já dançou com os elementos.

Naquele templo aberto, a mata assistia em reverência, os galhos curvavam-se para escutar de perto as palavras suaves que brotavam quais sementes de poder lançadas a cada verso enquanto a fogueira, cúmplice, respondia com estalos e chamas que dançavam em espirais.

Naquele ritual não havia espaço para domínios, correntes, ou imposições, apenas para a expressão mais genuína da espiritualidade, entrelaçada no sangue, nos passos, no perfume das folhas pisadas.

E no momento em que, no interior do círculo, a última palavra ecoou, algo mudou: Não fora um feitiço, mas uma memória. A memória de que o sagrado não reside em altares de pedra, mas no corpo que respira, na palavra que acolhe, nas mãos que curam, na chama que une.

Eram sete.

Na mata, sob a noite, com os olhos acesos para desvendar o oculto.

Sete Mulheres, com diferentes histórias, experiências, crenças, mas que, naquela noite, tornaram-se centelhas do mesmo fogo!

Maria Luiza Alba Pombo 

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