Voz da Póvoa
 
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No Diana Bar “As Artes de Régio” Iluminam a Humanidade

No Diana Bar “As Artes de Régio” Iluminam a Humanidade

Cultura | 6 Novembro 2022

 
“E, deixem-me dizer-vos que mesmo depois de tudo muito espremido, em vez de nada sobrar, tudo sobra. É que, de facto, a obra de Régio é hoje, indubitavelmente, parte integrante do cimento identitário que agrega a nossa cultura. Faz parte da nossa portugalidade. Trata-se de um património valioso”, escreveu e leu para uma plateia interessada Afonso Pinhão Ferreira, professor, médico e artista plástico.

O também Presidente da Assembleia Municipal da Câmara da Póvoa de Varzim acrescentou: “Ninguém duvide que a dimensão cultural do escritor e artista, afugenta a trivialidade, despreza a ignorância, aprofunda a existência e ilumina a humanidade”.
 
Creio que “As Artes de Régio” uma mostra inaugurada, no dia 28 de Outubro, e constituída por dois núcleos: Os desenhos de Régio e Os escritos de José Régio em processo: Do borrão do autor às mãos do leitor, não podiam ter melhor elogio.

O dia carregou o Inverno às costas e só conseguiu arrumar umas nuvens secas quando a noite chegou na hora de entrar na Biblioteca Diana Bar, antigo café onde outrora o poeta e escritor José Régio gostava de sentar, tomar uma bica, conversar com os amigos e quando sozinho, escrever. A plateia compôs-se e na mesa, para além de Afonso Pinhão Ferreira, estava Luís Diamantino, Vice-presidente da Câmara e Vereador da Cultura, Isabel Ponce de Leão, professora doutora da Universidade Fernando Pessoa, e Isabel Cadete Novais, Presidente do Centro de Estudos Regianos de Vila do Conde.

“A arte aprofunda raízes”, é capaz de destacar um indivíduo no mundo, no entanto, para Isabel Ponce de Leão “na obra de arte o mundo valerá o que valer o artista”, que segundo o pensamento do autor do Cântico Negro: “Os filósofos são quem menos compreende os artistas e os artistas quem menos compreende os filósofos. Embora na origem, tanto a filosofia como a arte estejam na mesma misteriosa intuição inicial”, o poeta, o romancista, o pintor, a arte, são a construção da meditação.

Por seu lado, Isabel Cadete Novais fez uma visitação do Régio como desenhista, arte que “foi durante muito tempo omissa, Ele próprio dizia, a certa altura, que era um desenhista de domingo”. Importa também defender “a grande coerência que Régio estabelece em todas as linguagens artísticas”. Há nesta exposição desenhos de “uma fase inicial ainda insipiente e de uma outra fase da evolução do Régio que corresponde à sua passagem pelo sanatório”, onde desenvolveu a “sua faceta de artista plástico” e se tornou mais consistente, mais maduro. Em que “mostra já uma destreza no manejo das técnicas das artes plásticas, mas as preocupações mantêm-se. O problema religioso, o problema existencial, o problema amoroso estão sempre presentes”.

Alguns excertos da obra literária de José Régio foram ouvidos na voz de Cuca Sarmento que participou ainda no recital de canto e poesia interpretado por Manuel Sobral Torres, Francisco Carvalho e Augusta Sá Pinto.

A exposição pode, e deve, ser visitada até 24 de Novembro. Como referiu Afonso Pinhão Ferreira: “Há, de facto, gente que sai da vulgaridade, que foge da existência insignificante e da vivência desobjectivada. Há gente dessa: desigual, invulgar, culta e intelectual”.
  
Por: José Peixoto

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