Nenhum detalhe para ilustrar o desassossego, apenas uma correria aos lugares da intenção do desenho, das cores que encarnam na tela o corpo do poema, as palavras que o silêncio não guardou, os rostos que o afecto revela, no Centro de Memória, no Cine-Teatro Garrett, na Casa Antero de Quental, no Teatro Municipal e no Auditório Municipal de Vila do Conde.
Aos olhares amigos, curiosos, viajantes, não lhes passa pela cabeça que, “só agora tive força anímica para vos falar da autêntica maratona artística que percorri, desde 30 de Setembro até 28 de Outubro, em que inaugurei 5 exposições e apresentei o maravilhoso livro da minha vida e obra”, escreveu e partilhou Isabel Lhano.
Para a criadora de sonhos e vontades livres, “agora sim, se pode dizer, a minha cidade e a vizinha Póvoa de Varzim albergam uma parte significativa da minha obra em quase todos os equipamentos culturais. Os meus agradecimentos para todas e todos que tornaram possível esta "aventura" antológica, respectivamente as Câmaras e os Vereadores da Cultura das duas cidades, a Coordenadora do Centro de Memória, as amigas e amigos que cederam as suas colecções particulares para as mostras e quem veio assistir, apesar do mau tempo, que são a essência disto tudo, porque sem público não existe Cultura”.
Um certo dia em conversa, segredou-me que não tinha por hábito retratar postumamente, mas pintou a grandiosa poetisa, Natália Correia, porque “foi uma das vozes mais acutilantes na defesa da Liberdade”.
Na ressaca da aventura antológica, que vivenciou com as emoções ao rubro, Isabel Lhano recordou os operários que edificaram o livro da sua obra: “Eu e a querida Laura Garrido, Coordenadora do Centro de Memória, trabalhámos muito para a sua concretização e agradeço-lhe muito o dedicado empenho. Os meus agradecimentos vão também para a Câmara e Vereador da Cultura de Vila do Conde, poetas, escritoras e escritores que me ofereceram os textos maravilhosos, os fotógrafos da minha pessoa e da obra, o designer, e todas e todos que contribuíram para a sua efectivação”.
Às vezes, precisamos apenas das palavras dos outros para dizer o quanto crescemos em humanidade e cultura com pessoas como Isabel Lhano.
Por: José Peixoto
