Voz da Póvoa
 
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Museu Municipal Assinala 130 Anos dos Naufrágios de 1892

Museu Municipal Assinala 130 Anos dos Naufrágios de 1892

Cultura | 15 Março 2022

Ao mar vamos sem nunca saber se voltamos, e no dia 27 de Fevereiro de 1892 não voltaram 105 pescadores, 35 dos quais da Afurada, naquela que foi a maior tragédia marítima a enlutar a colmeia piscatória poveira. Foi com o objectivo de evocar a passagem dos 130 anos dos trágicos naufrágios, que o Museu Municipal organizou uma mesa que contou com a presença do Vice-Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Luís Diamantino, do Director do Instituto de Socorros a Náufragos, o Capitão-de-mar-e-guerra Rui Gabriel Santos Pereira e Maria de Jesus Rodrigues, técnica-superior do Museu Municipal.

A actuação do ISN, na atualidade, foi assinalada pelo comandante Rui Pereira, que destacou o programa de voluntariado designado “Cego do Maio”, mas também a nova embarcação salva-vidas que herdou o nome do herói poveiro e em breve entrará ao serviço na Póvoa de Varzim.

Por seu lado Maria de Jesus fez a contextualização histórica do evento, nomeadamente as circunstâncias e as consequências socioeconómicas para as comunidades piscatórias afectadas pelos naufrágios, que resultou num grande número de viúvas e filhos órfão. Esta tragédia teve repercussões alargadas no país e mesmo na imprensa estrangeira. O facto teve repercussões no reino, acabando por resultar na criação de um organismo nacional para a gestão dos meios de socorros a náufragos. Nessa sequência ocorreu a criação do Instituto de Socorros a Náufragos através de Carta de Lei datada de 21 de Abril de 1892, cuja redacção foi sendo sucessivamente alterada pela Carta de lei de 4 de Junho de 1901, Decreto de 18 de Junho de 1901, Decreto de 2 de Junho de 1910, Decreto n° 1029 de 6 de Novembro de 1914, Decreto n° 5476 de 30 de Abril de 1919, Decreto n° 8762 de 13 de Abril de 1923, Decreto n° 9636 de 5 de Maio de 1924, Decreto n° 9720 de 23 de Maio de 1924, Decreto nº 13437 de 8 de Abril de 1927, Decreto n° 14870 de 4 Janeiro de 1928, Decreto n° 26148 de 14 de Dezembro de 1935 e Decreto de 20 de Setembro de 1957.

Na Igreja da Lapa, realizou-se uma Eucaristia de Sufrágio do Naufrágio de 1892, seguido de um Memorial, no Largo António Nobre, poeta que homenageou no poema Lusitânia no Bairro Latino, também conhecido pela Ladainha das lanchas: Os mestres ainda são os mesmos d´antes: / Lá vai o Bernardo da Silva do Mar, / A mail-os quatro filhinhos, / Vascos da gama, que andam a ensaiar... / Senhora dos Aflitos! / Mártir São Sebastião! / Ouvi os nossos gritos! / Deus nos leve pela mão! / Bamos em paz! / Ó lanchas, Deus vos leve pela mão! / Ide em paz!

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