“Bate o sino pequenino, sino de Belém…”
Então é Natal! Aquela época mágica onde não há preocupações com os consumos de energia, bolos-reis se multiplicam, e as famílias deixam de lado as suas diferenças por algumas horas, em prol da felicidade da piazada.
Época que evidencia a individualidade do ser humano, pois para cada um o Natal é um espetáculo único, que reflete as peculiaridades de cada personalidade.
Cada família, geralmente, reúne debaixo do mesmo tecto uma diversidade delas e se deleita, por uma noite, com todo o tipo de situações que possam advir desse convívio.
De todas as personalidades, talvez a mais difícil de lidar, em épocas festivas, seja o Perfeccionista.
Quem não conhece aquele tio para o qual o Natal é uma missão de vida?
As decorações da árvore precisam estar perfeitamente alinhadas por cor, forma e tamanho, o bacalhau deve estar cozido na temperatura exata e, se alguém colocar os talheres do lado errado, ele solta um “isso aqui não é bagunça!”.
Mas, no fundo, ele quer mesmo é que tudo seja perfeito para que os outros sintam o espírito natalino… do jeito dele, claro.
E aquela tia que adora o Natal, não pela festa em si, mas pela maré de provar que é a criatura mais generosa do grupo.
Ela oferece biscoitos aos vizinhos, dá boleia ao Pai Natal e ajuda até a rena com torcicolo.
Obviamente, se ninguém expressar o quanto ela foi útil, ela dá aquele sorriso amarelo e e responde com um “não, está tudo bem… mesmo!” caso alguém lhe pergunte como está.
A prima para a qual o Natal é o evento do ano projeta a festa mais imponente, publica tudo nos stories com a hashtag #NatalDosSonhos e se certifica que todos saibam que o sucesso da comemoração se deu por obra e graça dela.
Sempre há aquela avó que vê o Natal com um misto de nostalgia e drama.
“Esse Natal não é mais como os de antigamente”, ela suspira, enquanto decora a árvore com ornamentos feitos por suas próprias mãos e cujos significados apenas ela percebe.
Ah, e os presentes? São profundamente simbólicos:
“Essa pena simboliza a leveza que existe na nossa relação…”
Para o dono da casa, em geral, o Natal é um desafio logístico: Ele calcula tudo, do consumo de energia das luzes, ao custo da ceia por pessoa.
Convívio? Só o essencial. Ele janta, entrega o presente e se enfia no quarto antes que o tio do pavê comece a fazer piadas.
Família nenhuma escapa àquele tipo, geralmente pai de primeira viagem, que encara a noite natalina com um misto de euforia e paranoia.
O paisano checa 20 vezes se as luzes não vão entrar em curto-circuito e prepara uma lista de pratos alternativos, caso algo se estrague.
A preocupação maior dele é criar laços e memórias que se eternizem no seio da família, que todos se sintam aconchegados e pertencentes, e isso ele faz melhor do que ninguém!
Para a anfitriã o Natal é uma maratona de diversão!
Em setembro ela já começa a planear a festa, sai à caça de presentes para toda a família, amigos e conhecidos (e para si mesma, claro), e é bem capaz de organizar cinco eventos para a mesma noite.
Ela quer que o Natal seja inesquecível, o que significa caos garantido.
A anfitriã só não gosta é do fim da festa, razão pela qual ela já começa a planear o Ano Novo.
Quem tem uma tia-avó capaz de transformar o Natal numa operação de guerra?
Ela quer controlar a lista de presentes, quem vai começar a revelar o amigo oculto, decidir onde será o almoço do dia 25 e quem vai fazer o quê.
Se alguém atrever-se a contestar, vai ouvir algo do tipo: “Quer fazer melhor, faça você!”. Mas, no fundo, ela só quer que todos tenham um bom Natal, ainda que isso signifique mandar na decoração do vizinho também.
E por fim, todos temos aquele familiar para o qual o Natal é… tranquilo. Ou pelo menos ele anseia que seja.
Para esse, tudo está bom. Come o que tiver, vai para a casa de quem for e se uma discussão se inflama, é o primeiro a sugerir: “Que tal um amigo oculto agora?”
E assim, cada família com a sua miscelânea de indivíduos vive o Natal à sua maneira.
No final, seja com perfeccionismo, generosidade, alguma ostentação ou simplicidade, todos contribuem para fazer dessa noite um caos adorável e inesquecível.
Boas festas!
Maria Beck Pombo