Na Matriz há duas razões que podiam elevar a tristeza. A primeira é não poder dar asas aos festejos dos 101 anos do Rancho do Cidral, embora este ano, as aliviadas medidas de contenção e segurança já permitiram apagar as velas, porém o extenso programa que foi pensado para o centenário, só poderá mesmo acontecer se o invisível mal nos deixar. A outra continuada tristeza é o bairro assistir à ausência da marcha na voz das suas tricanas.
Para António Quilores, presidente da Associação Cultural e Recreativa da Matriz, o tempo é de paciência e de esperança: “É complicado voltar a adiar as festas na rua, o nosso maior palco. Este ano, em reunião com a Câmara Municipal, foi possível ir mais longe e todos os bairros puderam apresentar a sua marcha num palco, propositadamente criado para ser o cenário do Porto Canal. Todos os poveiros, e não só, podem nos ver representados em dança. Também montamos o nosso trono que integrará um programa com uma entrevista a falar das festas e tradições do S. Pedro, que irá para o ar no dia 29 de Junho. Este ano, são as actividades possíveis”.
O homem do leme da Matriz deixa uma mensagem para o bairro: “Espero que toda a gente saiba viver o São Pedro dentro das suas casas, em família e, evitar ajuntamentos. Todos percebemos que a pandemia ainda está loge do fim e quando parece desaparecer logo aparece em força, novamente. Temos que perceber que a festa é possível, mas respeitando as regras de segurança. As sardinhas podem sempre cheirar bem e forrar o estômago entre pão e vinho”.
Matriz, uma bela forma de arte
Reza a lenda que São Pedro
Ao nosso bairro chegou
Desceu pelas belas ruas
E na igreja ele entrou
Viu tricaninhas formosas
E o coração suspirou
São como flores amorosas
Que na Matriz encontrou
Vê a Matriz neste São Pedro
E suas gentes com vaidade a acompanhar
Que pelas ruas vão sorrindo
Nesta folia da nossa Póvoa do Mar
Vê a Matriz neste São Pedro
Com sua lira bordada no estandarte
É a nossa rusga que vai a passar
Um bairro um orgulho,
uma linda obra de arte
Entre belos casarios
Pelo Museu se encantou
Viu história, amor e cultura
E no cruzeiro parou
De vermelho se vestiu
Para a Póvoa triunfal
E disse: Matriz és mais bela
Tens um brilho sem igual
Marcha 2021
Escrita em Julho de 2020, por Paulo Sousa