Entre videiras, morangueiros e abrunheiras os frutos amadurecem pelo quintal.
Nas montras das livrarias espalhadas pela Póvoa de Varzim, o meu sonho primordial também amadurece e convida os transeuntes a experimentar do doce e do amargo da vida real, do júbilo contido nas coisas simples da vida e da tristeza que invade quando o dourado perde a cor.
Neste livro dos dias trago-vos, um autorretrato, um curriculum vitae, um trabalho em equipa, um jardim secreto, um banho de lama, um brinde, o resumo da ópera e o último desejo.
Revelo a batalha que há em mim nessa roda viva e sem manual que nos mostra que a vida é um circo, onde ver não é viver, e que o importante é relativo.
A bordo desse expresso paraíso, convido-vos para um despertar, a seu tempo, para um feliz novo dia, onde se vê o copo sempre meio cheio, que os desajustados somos nós e que tudo bem, decidir que gravatas nunca mais, pois da bênção à maldição, tudo vai passar e restará apenas a valsa que não dançamos.
Quero instigar-vos a realizar uma dieta para a alma, a aprender que, na escola da vida, a inveja também é mestre, que ser mãe é deixar ir e que mães reais são imperfeitas.
Desejo, convosco, recitar uma oração a todos os deuses, pois a fé é seu próprio templo e por ser assim, ando sempre muito bem acompanhada!
Almejo ouvir o vosso grito de liberdade ecoar aos quatro cantos desse mundo, que é um moinho, como os sinos que dobram com o despertar da inocência, como uma benzedura que traz consigo a marca da tradição.
Espero-vos no dia 3 de agosto, às 22 horas no Largo do Passeio Alegre, na Feira do Livro da Póvoa de Varzim, uma das mais antigas de Portugal, para partilhar convosco o ofício das palavras que me foi confiado ainda no ventre da minha mãe.
Lembrai-vos que toda a vida pode ser um livro aberto!
Maria Beck Pombo
