Leio a Obra Completa do Joaquim Castro Caldas, "Intérprete da Vontade do Pássaro" (Exclamação), organizada pelo Isaque Ferreira.
O Joaquim marcou profundamente a minha vida. Lembro-me das noites de poesia do Pinguim, hoje a cargo do meu amigo Rui Spranger, que ele inventou e que incendiava. O Joaquim era um magnífico diseur e performer e é um muito bom poeta. Vivia como um poeta. Lembro-me dos encontros com ele no "Pátio", em Vila do Conde, com amigos como o João Rios, o José Peixoto, o Francisco Gonçalves e o Isaque Ferreira. Lembro-me da entrevista que lhe fiz para "A Voz da Póvoa". Lembro-me de ter jantado com ele e com a mulher, a Graça, na casa deles, perto do Marquês, no Porto, quando o Castro Caldas já estava doente e me confessou a sua conversão a Jesus Cristo. O Joaquim não tinha um feitio fácil, mas tinha uma imensa ternura. Homem da boa esquerda e da boémia, nunca pactuou com o sistema. Nunca te esquecerei, amigo.
António Pedro Ribeiro, Sociólogo, cronista, poeta e tradutor de metáforas…
