Enorme concerto ontem dos Sereias no "Barracuda", no Porto. Dei tudo. Suei por todos os lados. Entreguei-me ao público, aos companheiros e companheiras que estavam à minha frente e que mosharam e que enlouqueceram e que se atiraram contra o microfone e o suporte das letras. "O País a Arder", os fogos de dentro e de fora, "A Extrema-Direita Fascista", contra os nazis Trump, Netanyahu e Ventura, "Rita", "Satã", também estranhamente, ou talvez não, uma canção de amor, "Esquizofrenia", "Primeiro-Ministro", o velho "hit", "A Puta da Revolução", outras, e, para terminar, "A Floresta", Jesus e Madalena a fazerem amor, Dioniso a dançar com as ninfas e as bacantes, eu, no meu quarto, a combater o demónio, a começar a ver a luz, a abandonar a caverna de Platão, a caminhar para o Paraíso, a levar toda a gente para o Paraíso. Não mais dinheiro, não mais trabalho. Jim Morrison ressuscitado. E eles e elas vieram ter comigo celebrar-me. E a Andreia e a Patrícia deram-me água quando eu precisei. E a Andreia abraçou-me e compreendeu-me. E a Filipa disse que eu era um revolucionário profissional. E a outra miúda loira cantou-me a canção. E a Ágata compreendeu-me. E a amiga dela também. E a Jaqueline esteve a um passo de amar-me. E a Inês também me compreendeu. E agora sinto-me feliz e completo.
António Pedro Ribeiro, Sociólogo, poeta, filósofo e encantador de ‘sereias’