Voz da Póvoa
 
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Jerónimo, uma lenda americana

Jerónimo, uma lenda americana

Cultura | 15 Outubro 2024

 

Goyaka para os apaches chiricahua, Jerónimo, como outros combatentes ameríndios, vulgarmente conhecidos como índios, Touro Sentado (Sitting Bull), Cavalo Louco (Crazy Horse) lutou contra o esbulho das suas planícies pelos cara-pálidas. Os filmes sobre a “conquista” do oeste americano acompanharam-me desde que vi cinema nos velhos Póvoa Cine e Garrett, sem consciência da realidade para além dos “selvagens” que atacavam caravanas de pioneiros. Muitos vi, alguns perduram, como Winchester 73, que revi em mais um ciclo do agora Star, ex-Fox, alertado pelo amigo António Monteiro (víramo-lo, adolescentes, numa daquelas tardes de verão num dos dois cinemas poveiros), poucos abordando o tema do lado do vencido. Mas John Ford – A Desaparecida – John Huston, O passado não perdoa, dão uma visão diferente da luta sem esperança dos povos americanos contra os bárbaros do ocidente europeu, da civilização judaico-cristã.

O filme do realizador Walter Hill com bons actores – Gene Hackman – General George Crook, Matt Damon - tenente Britton Davis que descreve a relação do exército com Jerónimo, Robert Duvall, o batedor branco Al Sieber, Wes Studi – Jerónimo – vale pela visão não simplista da tragédia daqueles povos.

1886: “os apaches acedem com muito pesar ficarem reclusos numa reserva. Mas nem todos se adaptam à nova vida em particular Jerónimo cansado de promessas não cumpridas e decide com mais trinta guerreiros realizar um ataque que humilhe o governo da união”.

“Um feiticeiro apache disse que haverá muitas mortes e no fim venceremos porque morreremos livres das caras pálidas”; “antes dos caras-pálidas chegarem tínhamos uma boa vida. Agora estamos obrigados a viver neste bocado de terra; os cara-pálida não entendem os apaches”.

Jerónimo respondendo ao general Crook: Quando era jovem vieram os brancos e queriam a terra do meu povo. Quando os soldados queimaram as nossas aldeias, mudámo-nos para as montanhas; quando levaram a nossa comida, comemos espinhos; quando mataram os nossos filhos, fizemos mais. Matámos e fomos mortos mas nos nossos corações nunca nos rendemos. Com todo este território porque é que não há lugar para os apaches? Porque é que os caras-pálidas querem tudo?

 

Abílio Travessas

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