Voz da Póvoa
 
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Histórias de Portugal

Histórias de Portugal

Cultura | 4 Abril 2025

 

Chegara, enfim, o Outono e as manhãs frescas abraçam Itaara…

O verde continua verde, em oposição a Portugal, onde, nessa estação, as folhas dos carvalhos cobrem a paisagem de dourado.

N’ela, que ama ambas as coisas, despertava o desejo de dividir seu corpo em dois, já que o seu espírito dessa forma, há muito tempo, se encontrava.

Na padaria que visitava todos os dias, tão diferentes das de lá, decidiu conservar as memórias das terras que a acolheram por dezoito longos anos.

No seu semanário, que contou numerosas histórias de cá, abrindo espaço a um Brasil que Portugal desconhece, passou a desvelar histórias do lado de lá do Atlântico para registrar em papel o que está gravado n’alma.

A saga dos pescadores que jamais voltarão a casa, vestindo de negro as mulheres, engolidos pelo mar.

As siglas poveiras, que se espalham pelo concelho de Póvoa de Varzim, identificando as famílias piscatórias do antigamente, originárias das runas vikings trazidas pelos povos celtas que, em tempos remotos, habitaram aquelas terras.

As intrincadas camisolas poveiras, nascidas no século XIX, que ganharam o mundo.
Queria escrever sobre a pronúncia que, sob influência da Galícia, troca o “b” pelo “v” e vice-versa e o “ch” pelo “tch”, a exemplo do nosso “Tchê”, especialmente a entre os anciões.

Intencionava salvaguardar a memória de Eça de Queirós, José Régio e tantos outros escritores e poetas, povoenses de nascimento. 

Nesse livro que escreve a cada semana, preservará as recordações de cada cidade, de cada aldeia, de cada vila pelas quais passara.

Memórias, em palavras grafadas e impressas, tornam o efémero, imortal!

Maria Luiza Alba Pombo

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