Voz da Póvoa
 
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Figurações de Hélder Bandarra na Galeria da Ortopóvoa

Figurações de Hélder Bandarra na Galeria da Ortopóvoa

Cultura | 16 Julho 2023

 
 
A arte continua a merecer o olhar dos interessados nas exposições realizadas pela Galeria Ortopóvoa, que inaugurou no sábado a sua 29ª exposição, desta vez com uma mostra das ‘Figurações’ do artista natural de Aveiro, Hélder Bandarra.
 
Para o administrador e director clínico da Ortopóvoa, Afonso Pinhão Ferreira, “são 29 exposições catalogadas, não são efémeras. Há um registo que vai ficando e a escolha do Hélder Bandarra prende-se a três vertentes. Primeiro, o artista tem uma obra reconhecida e é uma referência. Em segundo, esta exposição acontece pelo conhecimento que eu tenho do seu trabalho, mas sobretudo porque a minha amiga Isabel Ponce Leão, uma pessoa da cultura e da escrita sobre a arte, me recomendou, sendo também uma das pessoas que prefacia o catálogo. A terceira razão é que eu gosto mesmo dos trabalhos do artista”.
 
E revela um breve olhar sobre a obra: “São trabalhos algo figurativos, com uma base cubista apesar de não ser um cubismo puro, e ainda bem, porque o Hélder Bandarra tem a sua técnica especial, uma forma de fazer os seus desenhos e a partir daí as suas pinturas”. E acrescenta: “Eu olho para um quadro do Hélder Bandarra e vejo lá uma narrativa. O artista não dá títulos aos quadros, mas eu no seu atelier olhava para um quadro e dava-lhe de imediato um título, o que quer dizer que a sua obra permite ao observador tirar uma conclusão ou ver ali qualquer coisa, uma narrativa. Por isso, convido todos os poveiros a passarem pela galeria, porque não tem qualquer custo, apenas para poder conviver com a pintura do Hélder Bandarra”.
 
Das 29 exposições realizadas, Afonso Pinhão Ferreira o que mais bebeu “foi a partilha social. A arte tem essa coisa magnífica que é agregar pessoas à volta de qualquer coisa que um humano faz”. 
 
Por seu lado, Hélder Bandarra não esconde que “bebeu muito Picasso, Marc Chagall, visitei muitos museus. Agora tudo tem um tempo. Picasso dizia que toda a vida gostaria de pintar como uma criança e foi o caminho dele, fez o cubismo, o futurismo, o impressionismo, ele mexeu em tudo e foi sempre um dos melhores ou o melhor mesmo. É um dom espiritual que a pessoa tem. Agora se há outros caminhos a surgir, nós iremos ver com o tempo”.
 
Na obra de arte há sempre muita experimentação e transformação “Sempre. A arte é uma mentira. Se não existir criação não existe arte. Copiar não é criar, tem que haver uma transformação do objecto para o artista plasmar numa tela. Essa é a arte que podemos fazer, agora isso não é fácil”.
 
Com o tempo encontrar o caminho, a descoberta do traço, para Hélder Bandarra não significa ter atingido a maturidade: “Eu fui sempre além, na síntese das coisas eu fui sempre evoluindo. Tem que haver uma certa magia, um certo dom para fazer diferente daquilo que a natureza nos proporciona e nos mostra. É aí que a arte funciona”.
 
Para Isabel Patim, curadora da exposição, “a dificuldade foi escolher as obras que podíamos trazer para este espaço. Em duas visitas, uma com a Isabel Ponce Leão e outra com o Afonso Pinhão Ferreira, a dificuldade estava sempre em seleccionar quais obras entre tanto e variado material. Procurou-se fazer uma selecção que desse um pouco a ideia do percurso do artista, desde o figurativo ao abstracionismo”.
 
  E explica o seu trabalho na Galeria da Ortopóvoa: “A curadoria nesta clínica e nos tempos actuais já se configura com as novas tendências que estão a acontecer. Ou seja, eu sou a curadora da clínica, mas o Afonso Pinhão convida outros curadores de artistas a participar. Há um trabalho de equipa e nisso o senhor professor Pinhão tem sido fantástico porque há abertura para trabalhar em vários saberes. Então a curadoria não é só o que eu gosto, por vezes é aquilo que é representativo para uma exposição para dar conta do percurso do autor ou focar numa época, num momento ou numa linha de trabalho específico e trazê-lo para esta galeria”.
       
Presente na inauguração de ‘Figurações’ o Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, referiu-se à exposição da Ortopóvoa como “o primeiro de muitos eventos de celebração dos 50 anos de elevação da Póvoa de Varzim a cidade”.
 
Por: José Peixoto 
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