Voz da Póvoa
 
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Festival dos Lavores no Jardim da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto

Festival dos Lavores no Jardim da Biblioteca Municipal Rocha Peixoto

Cultura | 15 Junho 2021

Inspirado no Dia Mundial de Tricotar em Público,o  Lavorada - O Festival dos Lavores é um evento-convívio que pretende fazer a promoção dos lavores. Mostrar que estes não são somente um ofício do tempo das nossas avós, mas antes uma forma de estar na vida. Um evento que pretende expor as múltiplas camadas do artesanato feito em casa e que se abre ao exterior no século XXI, mostrando como estes elevam o espírito, pacificam a mente, aumentam a autoestima, promovem o encontro social, estimulam a economia, criam artistas, e são salvaguarda do património. Feito num ambiente de festa e convívio, mas tendo sempre como pano de fundo a cultura e a arte.

São chamados ao festival todos aqueles que têm um gosto especial pelos lavores, quem sabe fazer, mas também quem os quer aprender. A cada participante é pedido que traga o trabalho que tem em mãos e que o execute em jeito de partilha, trocando conhecimento e experiências.

Nesta primeira edição, que começa devagar, tateando o chão pandémico, mas que espera entrar na autoestrada das coisas boas e sumarentas, para além do convívio esperado entre participantes,  temos uma Mesa de Conversa - “Os lavores não morrem”, onde participam duas artesãs poveiras, a Antónia Gomes, criadora da Branco Chá e a Cristina Figueiredo, criadora da Bamboo, a historiadora de arte, Sandra Amorim e a museóloga e directora do MMEHPV, Deolinda Carneiro.
 
Está, também, patente uma exposição promovida pela Ontem - Histórias Contadas, de Mário Linhares. Uma exposição onde se mostra alguns exemplos de publicidade ilustrada de meados do século passado alusiva ao tema dos lavores.

Tópicos abordados na Mesa de Conversa “Os lavores não morrem.”:

Tendo falado de como os lavores se podem adaptar à modernidade, mostrando caminhos que acompanham as modas, a Antónia Gomes e a Cristina Figueiredo partilharam o seu percurso e como chegaram até à criação das suas marcas, o que as move e quais o caminhos para se poder singrar no mundo da internet, que sendo uma porta aberta, é também um mundo de concorrência enorme. Sandra Amorim partilhou o seu gosto pelos atoalhados herdados e mostrou a importância de não se manter guardado nas gavetas um património artístico, que contam histórias e podem ser a beleza e o cuidado que tantas vezes nos falta no dia-a-dia. Falou das várias camadas dos lavores, desde o lado terapêutico, relembrando que “salvou” muita gente nos confinamentos, passando pelo desenvolvimento motor nas crianças até ao prazer de “saber fazer”.

Deolinda Carneiro, no ano da Camisola Poveira, veio falar um pouco da sua história e de como esta peça de tricot foi salva pelo amor que lhe foi dedicado ao longo dos tempos, desde as mulheres dos pescadores, passando por Santos Graça e agora por um número crescente de interessados em aprender a tricotar a camisola, símbolo patrimonial de uma cidade. Salientou que este tipo de artesanato não tem que ser exclusivo das mulheres e que o exemplo disso está na própria história da camisola. As quatro frisaram a importância de se ensinar estas artes, promovendo cursos, workshops, abrindo currículos nas escolas, todos os meios que possam colmatar a ausência de transmissão de conhecimento de geração para geração que se verificava nos tempo dos nossos avós.

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