A publicação em Diário da República (23/9/2011), da extinção da Fundação Eugénio de Andrade, na Calçada de Serrúbia nº 45, na cidade do Porto, envergonha a tal paixão pela cultura apregoada aos sete ventos por todos os intervenientes exponenciados pelo 25 de Abril de 1974.
A Câmara Municipal do Porto então liderada por Rui Rio, foi incapaz de manter as portas abertas da casa onde viveu o poeta e funcionou a Fundação Eugénio de Andrade. Rui Moreira prometeu reactivar a Fundação, mas promessas levou-as o vento. O autor de “ Véspera da Água” que tanto deu à Invicta não merecia que a sua memória fosse atraiçoada.
Amigos interessados na sua obra literária e desinteressados de outros voos que a sua amizade poderia proporcionar, destaco Graça Martins, Isabel de Sá e Dario Gonçalves, incansáveis no apoio ao poeta quando este o reclamava.
Eugénio não escreveu apenas poemas de amor, amizade ou reconhecimento social. Ao Miguel, no seu 4º aniversário, o poeta solar brilhou:”…terra onde o ódio e tanta e tão vil/besta fardada é tudo o que nos resta/ou aos chacais que do saber fizeram/ comércio tão contrário à natureza/que só crimes, e crimes e crimes paria…”
O espólio doado à Biblioteca Municipal Almeida Garrett, na cidade do Porto, permite ver primeiras edições, manuscritos e correspondência de quem escreveu: ”Onde espero morrer/será manhã ainda?”
Ademar Costa