Voz da Póvoa
 
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‘Eu fui ao mar às laranjas’ para ‘Comer’ na Biblioteca

‘Eu fui ao mar às laranjas’ para ‘Comer’ na Biblioteca

Cultura | 25 Fevereiro 2025

 

A Biblioteca Municipal Rocha Peixoto com o objectivo de assinalar o 10º aniversário do falecimento da escritora Luísa Dacosta (16 de fevereiro de 1927 – 15 de fevereiro de 2015), figura incontornável da literatura portuguesa, inaugurou o mural “Eu fui ao mar às laranjas” que destaca a vida e a obra da escritora, que como escreveu o amigo e antigo director da Biblioteca Municipal, Manuel Lopes: "Estamos diante de uma Escritora que não se comenta. Sente-se como o Mar. Quando nos banhamos nas águas calmas e febris da sua escrita é só isso que fazemos. A barca das palavras, luminosa e ágil, transporta-nos num silêncio cúmplice a esse país estranho onde uma "luz poente e librinada" adensa em dor e salitre as coisas e os seres."

Há livros e fotografias que ajudam a conhecer as fortes ligações de Luísa Dacosta à Póvoa de Varzim, o seu percurso pessoal, as amizades e a sua obra literária, alicerçadas nas gentes e paisagem poveiras que do moinho onde vivia em Aver-o-Mar, transpareciam no seu olhar.

Até 29 de Março, pode e deve descolar-se à Biblioteca. À sua espera encontrará a exposição “à sombra do mar”, uma dezena de fotografias de Daniel Curval sobre a temática do mar para outros tantos poemas de Luísa Dacosta.

Por sugestão de Manuel Lopes, em 1999, o fotógrafo e funcionário da Biblioteca Municipal, explica como chegou às imagens para os poemas: “O desafio foi fotografar para dez poemas de Luísa Dacosta. Achei a proposta interessante e como nunca digo não a um desafio, no caso tratando-se de uma escritora reconhecida por quem ganhei uma grande amizade e muita estima, sempre que vinha à biblioteca dava-me um abraço, tínhamos uma relação muito próxima, só podia abraçar a ideia”. 

E recorda: “O trabalho exigiu que fizesse várias deslocações à praia junto ao moinho onde ela vivia. Precisava que as sargaceiras que ali recolhiam no mar o ‘Sargaço dos Dias’ e estendiam na areia, se habituassem à minha presença. Foram vários meses, uma ou duas vezes por semana, para além de ter feito várias leituras dos poemas para me entender com a imagem a captar”.

Luísa Dacosta deixou-nos os seus desassossegos em livro e partiu há dez anos para a eterna quietude. 

Por: José Peixoto
Fotos: Rui Sousa

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