Noite de fortes emoções no domingo no Cine-Teatro Garrett, no palco do Festival Internacional de Música da Póvoa de Varzim (FIMPV). Na primeira parte, o Festival apadrinhou a estreia do maestro Nuno Coelho e do Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim (ECPV), que, por sua vez, realizaram a estreia absoluta de 3 novas obras. A primeira foi escrita por Sérgio Azevedo, nome maior da composição no país e além-fronteiras. A sua obra deu origem à gravação de cerca de 50 cd’s e é regularmente apresentada por músicos e orquestras de referência a nível internacional.
A obra, intitulada “Thrust”, encomendada pelo FIMPV, segundo o compositor teve como inspiração o “impulso, movimento e energia das ondas do mar da Póvoa”. Thrust, em inglês designa “impulso” ou “impulsão” tendo o compositor explicado que o título só não está em português pelo facto da sua editora ser uma companhia internacional e o inglês facilita a compreensão e difusão da sua música a nível global.
As longas cascatas sonoras produzidas, a vertigem de notas e a ampla variedade tímbrica dos instrumentos, das cordas aos sopros sustentados por uma ampla secção percussiva, entusiasmaram o público presente culminando num caloroso aplauso final.
Posteriormente, deu-se início à final do 16º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim (CICPV). O Júri, composto pelos compositores Luís Tinoco, António Pinho Vargas e presidido pelo próprio Sérgio Azevedo, selecionou para a grande final duas obras. A primeira, intitulada de “Suite da Camera”, foi composta por Nelson Jesus. A segunda, pelo aveirense Gerson Batista, tem como título “CATARZTOPH”. Além da escolha do júri, durante o intervalo o público presente também votou na obra da sua preferência. No final, júri e público foram unânimes atribuindo o 1º prémio a Gerson Batista, tendo Nelson Jesus arrecadado o 2º prémio.
Em representação da Câmara Municipal, Lucinda Amorim, Vereadora com o Pelouro do Turismo, entregou os respetivos prémios aos laureados.
Por sua vez, Raúl da Costa, diretor artístico do festival, salientou o elevado nível dos concorrentes do 16º CICPV atestando a importância destas iniciativas e o enorme talento inerente nesta nova vaga de compositores. E anunciou que o compositor “residente” escolhido para a edição do próximo ano será António Pinho Vargas.
A 2ª parte do concerto foi preenchida com a famosa “Tzigane” de Ravel, tendo como solista a violinista austríaca Byol Kang; as “miniaturas ibéricas” do compositor espanhol Francisco Coll (estreia absoluta em Portugal) e a “Divertissement” para pequena orquestra de Jacques Ibert.
Segundo Raúl da Costa, o Ensemble Contemporâneo da Póvoa de Varzim (ECPV) “é um sonho antigo que foi idealizado há cerca de 5 anos, passou por vários estádios de amadurecimento até ser finalmente concretizado, mas desde o início que eu sabia que o maestro teria de ser o Nuno Coelho que é uma referência da nova geração”.
Dos 25 músicos que compõem o ECPV, a grande maioria são jovens músicos portugueses de excecional gabarito que ocupam posições solistas de destaque nas principais orquestras nacionais como a Orquestra Gulbenkian, Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música e Orquestra Sinfónica do Algarve, e, também, em importantes orquestras europeias tais como a Orchestre de Paris, London Symphony Orchestra, Oslo Philharmonic e Beethoven Orchestra Bonn.
De salientar, que no centro do ECPV estará presente o talentoso trio de músicos poveiros composto por Diana Sampaio (Orchestre Philarmonique de Monte-Carlo), Pedro Ribeiro (Leipzig Gewandhaus Orchester) e Márcia Sampaio (Neue Philarmonie Westfalen) que iniciaram os seus estudos na Escola de Música da Póvoa de Varzim (EMPV) e, apesar da sua juventude, possuem já carreiras de enorme sucesso. No domingo, numa das obras em estreia absoluta, Diana Sampaio, no papel de clarinete solista, mostrou todo o seu virtuosismo e mestria para deleite do público presente.
Ainda de acordo com Raúl da Costa, “o ECPV pretende ser um agrupamento de referência a nível nacional na interpretação de “música do nosso tempo”, mas, também, realizar algumas ingressões em estilos musicais mais “clássicos” aproveitando o elevado potencial dos músicos que a compõem. Pretendemos também que este projeto não se limite a apresentações sazonais durante o festival. Queremos levar o nome do festival e da Povoa de Varzim pelo país durante todo o ano”.