Voz da Póvoa
 
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É-Aqui-In-Ócio Promoveu a Inclusão no Teatro

É-Aqui-In-Ócio Promoveu a Inclusão no Teatro

Cultura | 3 Outubro 2021

O Festival Internacional de Teatro que arrancou a 22 de Setembro, despediu-se no primeiro sábado de Outubro, com a peça encenada por Jorge Louraço “À espera de Beckett ou QuaQuaQuaQua”, uma aliança entre o lado popular e o lado erudito do teatro. Para além das viagens pelo palco do Cine-Teatro Garrett, eleitas por Eduardo Faria, programador do Festival e presidente da Varazim Teatro, o destaque da XI edição do É-Aqui-In-Ócio, foi para as três Mesas de Reflexão, “A condição da Mulher na cultura guineense”; “O Teatro em Portugal é um universo inclusivo?” e por último “Que papel pode ter o Teatro na transformação de uma sociedade por forma a que esta se torne verdadeiramente inclusiva?”.

Esta última aconteceu na sexta-feira, na Sala de Actos do Garrett, teve a participação de Ana Sofia Antunes, Secretária de Estado para a Inclusividade das Pessoas com deficiência; Américo Rodrigues, Director Geral das Artes; Andrea Silva, Vereadora da Coesão Social da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim; António Ramalho, Presidente do MAPADI; Armando Baltazar, representante da Associação de Surdos do Porto; Maria Vlachou, Directora Executiva da Acesso Cultura, e Paula Costa, Presidente da ACAPO. A mesa foi moderada por Tiago Fortunato e traduzida para Língua Gestual Portuguesa, por Fernando Baltazar.

Temos em Portugal cerca de 1,7 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Não se tratou de um retrato da população com deficiência, mas da forma como respondemos às suas inquietações. A população, em geral, no país diminuiu, mas a taxa de desemprego entre pessoas com deficiência aumentou. Sabemos que o medo leva à exclusão e a confiança à inclusão.
 
O debate quis abrir o diálogo e as portas das artes, também de palco, às pessoas com deficiência, sendo que cada instituição representada apresentou razões, histórias de rejeição, mas também de inclusão. Ficamos a saber, entre tantas outras coisas, que é preciso valorizar a prática cultural das artes pela própria pessoa com deficiência.
 
Assistir, visitar, participar, ser actor. As salas de espectáculos, os equipamentos culturais nem sempre oferecem condições de acessibilidade para as pessoas com deficiência, assistirem. Se acrescentarmos surdos, mudos cegos, é preciso traduzir os sons, as palavras, tornar o imaginário real. Precisamos de criar uma massa crítica na pessoa com deficiência, mas temos que lhes dar o que lhes falta. Ser actor implica salas com acessos a camarins, mas também ao palco, implica oportunidades iguais. Quantos profissionais de teatro há com deficiência? Precisamos promover a inclusão pela arte. Nem todos precisam de um assistente pessoal nas tarefas profissionais, mas é uma realidade que deverá chegar a cada vez mais pessoas, sendo uma ‘figura’ legislada e com os seus deveres próprios.

Visitar um Museu sem a necessidade de marcação, tal como o dito Ser normal. O que é preciso na arte é que todos sejam autónomos. Talvez fosse mais importante dessensibilizar, ou seja, que não fossemos sensíveis, mas naturais. O autismo do poder é também necessário curar, para que as cidades, os edifícios sejam de que natureza for, respondam à palavra inclusão.

Deste encontro de experiências e opiniões saiu um contributo para tornar a reflexão mais quotidiana e mais presente. Quais são os meus limites na escola, no trabalho, na vida? O Céu.
O Festival quis que “O Ser Humano e os outros Seres, Humanos” fossem tratados como iguais. Por isso “Vou pedir ao tempo que me dê mais tempo para olhar para ti”, assim canta Mariza.

 

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