Recordo um texto que tinha por título “o olhar dos telhados” que despertou imediata curiosidade. Ler é também ver, observar, mas a realidade era outra. Enquanto as pessoas passam distraidamente pela rua, as estatuetas, as pombas, as pinhas, os cata-ventos, lá do cimo dos telhados olhavam-nos, riam-se da nossa invisibilidade. Talvez por isso, o prospecto da exposição “Detalhes do Infinitamente Pequeno” fotografados pelo olhar clínico de Marisa Rodrigues, nos alerte para o facto de, “muitas vezes, a beleza está nos detalhes – nas texturas, cores e formas que compõem o mundo ao nosso redor. A falta de tempo para apreciar esses detalhes pode levar a uma perda da apreciação pela beleza presente no dia-a-dia”.
Para se sentir mais perto de cada imagem exposta, a jovem artista lembra que “os pequenos detalhes, muitas vezes, passam despercebidos no meio da agitação das nossas vidas.
Estamos tão imersos nos nossos compromissos, preocupações e objectivos que deixamos escapar aquilo que realmente dá cor e significado ao nosso dia-a-dia. É como se estivéssemos correndo em busca de um horizonte distante, esquecendo que as pérolas da vida estão à nossa volta, escondidas nos pequenos detalhes”.
Marisa Rodrigues nasceu na Póvoa de Varzim, em 1997. Ainda adolescente, entre outras paixões, a fotografia não se agarrou ao coração, mas aos pormenores descobertos em cada olhar. Daí, percorrer a natureza atrás dos insectos para capturar os pequenos detalhes. Fotografar é adiar o futuro, entre cliques e descobertas fixar cada instante, parar o mundo, adiar o fim a cada ser vivo.
Inaugurada, a 20 de Janeiro, a exposição "Detalhes do infinitamente pequeno" pode ser visitada, até 16 de Fevereiro, na Biblioteca Municipal Rocha Peixoto.
José Peixoto
Fotos: Rui Sousa
