Voz da Póvoa
 
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Camões no Nosso Tempo ou que Ainda Venha a Ser Nosso

Camões no Nosso Tempo ou que Ainda Venha a Ser Nosso

Cultura | 28 Fevereiro 2025

 

A casa cheia não foi novidade, mas a conferência “Luís de Camões: conhecer não ter conhecimento”, proferida por Hélder Macedo "uma das figuras cimeiras da cultura portuguesa", segundo o moderador e poeta José Carlos de Vasconcelos, foi enriquecedora para todos os presentes, que ficaram a saber um pouco mais do criador da obra épica dos Lusíadas.

Hélder Macedo poeta, romancista, ensaísta, crítico e investigador, que nestas Correntes lançou o seu mais recente livro “Corpos da Memória” abraçou a lírica e a poesia épica do poeta que se festeja no dia da nacionalidade portuguesa, “os contrários coexistem na poesia de Camões”.

“Armas e letras, Vénus e Baco, a viagem factual e a utópica ilha do amor” são poemas “construídos sobre aparentes contradições”. Mas Hélder Macedo quis de Camões “estabelecer uma sequência plausível da sua obra lírica com o que, de alguma forma, se sabe da vida do poeta”. Os Lusíadas, apesar de terem sido “compostos ao longo de muitos anos, em parcelas posteriormente coordenadas, e não necessariamente na sequência que conhecemos”, permitem antecipar uma “gradual transição da alegria juvenil para a dúvida e, posteriormente, da dúvida para o desespero”.

A aparente “simplicidade de alguns dos seus poemas iniciais” e ao mesmo tempo constatando a complexidade das suas obras posteriores, “a compreensão do feminino por Camões”, mas também a “relações entre os sexos” pode ser revisitada nas relações “entre povos, colonizadores e colonizados, e opressores e oprimidos”.

Se quisermos encontrar a modernidade do feminino e masculino, no entendimento poético de Camões funcionam autonomamente. Para Hélder Macedo, a sua obra reflecte um “entendimento da situação social das mulheres”, dando as respostas “que Camões pretendia que fossem femininas para os redutores estereótipos das práticas amorosas das mulheres”.

Camões é e será sempre um modernista capaz de nos questionar pela distância a que sempre nos posicionamos, quando dizemos que 500 anos atrás é demasiado tempo para nos entendermos com quem questiona a sua intemporalidade.

Por: JP
Fotos: Rui Sousa

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