Voz da Póvoa
 
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Associações Encantaram na Tradição das Janeiras

Associações Encantaram na Tradição das Janeiras

Cultura | 24 Janeiro 2022

A cantar as Janeiras e os Reis andaram, no sábado, as associações poveiras pela cidade, percorrendo as ruas e assegurando a continuidade de uma tradição que se perde no tempo. A Associação Cultural da Matriz, Associação de Desporto e Cultura Juvenorte, Clube de Atletismo da Póvoa de Varzim, Grupo de Danças e Cantares «Os Camponeses de Navais», Grupo Recreativo e Etnográfico “As Tricanas Poveiras”, Leões da Lapa F.C, Grupo de Janeiras da Associação Desportiva e Recreativa Académico de Belém, Rancho Folclórico da Casa do Povo de Aguçadoura, Rancho Folclórico de Aver-o-Mar e Rancho Folclórico de Santa Eulália de Beiriz, participaram na actividade “Vamos cantar as Janeiras!” - Por esses quintais adentro vamos às raparigas solteiras – cantou o Zeca Afonso no ‘Natal dos Simples’.

Esta tradição está associada à quadra natalícia, cantar as Janeiras e os Reis, uma oportunidade para os mais pobres se munirem de alguns instrumentos musicais e junto à porta dos lavradores na noite de Natal, de Ano Novo e de Reis, entoarem cânticos com a finalidade de receber dádivas (sobras das noites abastadas de Natal, bolos, lembranças, dinheiro). Hoje, ricos e pobres continuam cada um no seu papel, mas as Janeiras são um acto transversal, levando as associações a que se juntem em cantoria ambulante, independentemente da classe dos seus associados e actores em questão.

A herança provável vem das próprias Strenas romanas. As Janeiras vão buscar o nome a Janeiro, que por sua vez o foi buscar a Janus, Deus das Portas do Céu, também conhecido por Deus dos Princípios ou das Entradas.

O Deus Janus, figura da mitologia romana, é representado por duas caras, viradas para sentidos opostos. Ou seja, representando o que se passou e o que está para chegar, mas especialmente à noção de transição, de conhecimento do passado e do futuro, de passagem de ano.

Celebrar deuses e divindades pagãs associando as dádivas pelo caminho tinha também como princípio o bom augúrio, quer para quem as pedia, quer para quem as doava. O costume espalhou-se por países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, entre outros, e continua a celebrar-se com canções religiosas, de ironia e mordacidade, apelando sempre à dádiva. Para que o encanto tivesse sucesso no decorrer das cantorias eram invocados os nomes dos donos da casa ou de alguma figura que tivesse preponderância na família.

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