Por convite da Fundação Gramaxo de Oliveira, no dia o dia 2 de Outubro, o ensaísta Álvaro de Vasconcelos proferiu nesta instituição de Matosinhos, a Conferência “As Lições da II Guerra Mundial num Mundo Fraturado”.
Após a abertura da sessão por Afonso de Barros Queiroz, Administrador-presidente da Fundação, o orador convidado explicou as situações sociais, económicas, culturais e políticas que levaram – e ainda levam – o Mundo a sofrer os horrores das guerras. Com uma política democrática, não se procura a aniquilação do adversário, pois este não chega a ser “o inimigo” definido pela política do ódio.
Olhando para as lições do passado, o orador explicou os factos que, ainda hoje, flagelam o Mundo: O terror do esquecimento. Ilustrando a necessidade de memória dos acontecimentos, projectou o início do filme de Alain Resnais, “Noite e Noveiro” (1956) e as primeiras imagens do filme de Elem Klimov, Come and See (1985); recordou o filme de Lu Xun sobre o massacre de Nanquim (2009); A política do ódio; O horror do genocídio, recordando que os Direitos Humanos são universais; O nacionalismo gerador de guerra; A humiliação política, geradora de ressentimento; A humiliação social e económica, geradora de nacionalismo e de fascismo; A utilização de factos históricos para justificar o injustificável, o que o orador chamou “a memória manipulada contra a memória” (por exemplo, Putin sobre os nazis na Ucrânia e Israel em relação ao Holocausto).
Em política, temos “adversários” mas, com uma política democrática, estes não chegam a ser nossos “inimigos” pelo que não vamos procurar a sua aniquilação, não vai haver guerra. Com a política do ódio, o adversário é “o inimigo” e há guerras. Daqui o papel primordial da memória, da política democrática e dos Direitos Humanos Universais para que não haja guerras.
É necessário compreender as lições do passado para entender os acontecimentos mundiais actuais, na Rússia, na Ucrânia, em Gaza ... e noutros lugares de que se fala menos.
As lições da II Guerra Mundial podem se resumir assim:
1ª Lição: Contra o horror do esquecimento, a memória não manipulada; 2ª Lição: Contra o nacionalismo gerador de guerras (cf. Mitterand), acabar com o discurso de ódio (cf. politica europeia comunitária); 3ª Lição: Fim da utilização da guerra nuclear (cf. Guerra Fria e equilíbrio entre as partes, cf. Kinsinger); 4ª Lição: Acabar com a humiliação do outro e, sobretudo com a humiliação social que faz crescer o nacionalismo, o fascismo (cf. discurso da extrema-direita que aponta a democracia como responsável da injustiça, da miséria e das desigualdades). Desenvolver uma política de justiça social.
No final houve ainda tempo para pertinentes questões levantadas pelo público ao muito saber do orador, Álvaro de Vasconcelos.
A violinista Oksana Kurtash interpretou na abertura e no final peças relacionadas com os temas da sessão: “A Lista de Schindler”, de J. Williams; “Melody”, de M. Skoryk (tema ucraniano); “Nigun”, de E. Bloch (peça dedicada às crianças vítimas da II Guerra Mundial). Após o debate foi servido um Porto de Honra.
Fotos: Rui Sousa