Ah, Saudade!
Essa palavra herdada da tua terra, que insiste em habitar o meu peito, enquanto vagueias do lado de lá do oceano!
Conto os dias e as estações, contemplo as fases da lua e desafio o Tempo, a pedir que Ele passe cada vez mais rápido.
Ah, se o Tempo soubesse o quanto me custa a tua ausência, talvez tivesse misericórdia desse coração.
As lembranças habitam a minha mente, trazendo a tua voz, o teu cheiro, as tuas mãos…
E quase consigo tocar-te nos meus sonhos despertos, imaginando-te a percorrer o caminho para o nosso lar.
Espero-te na varanda, meu amor!
A beber do mate, cevado por ti, sob uma lua tão cheia que clareia e guia o teu caminho.
Meu lusitano, que abraçou a minha cultura e a honra como ninguém!
Talvez nem sequer os deuses conheçam a minha gratidão por tal feito…
Eu, que cruzei o Atlântico para exaltar os meus costumes, para escrever a história dessa prenda xirua, tantas vezes açoitada pela vida, que encontrou abrigo e proteção no teu abraço.
Foi Santiago quem abençoou o nosso amor!
Mas nós, os dois, o fizemos Verdade, apesar do que dizem os astros, os búzios, as cartas!
Que é preciso coragem para desafiar o fado que nos foi traçado!
E, como dizia Mariza, “eu sou quem sou, por seres quem és!”
Amo-te por permitires encontrar-me!
Anda logo para casa!
“Que tempo algum e nenhum mar nos separe!”
Maria Luiza Alba Pombo