Voz da Póvoa
 
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Águas das Fontes Calai o Zeca Voltou a Cantar

Águas das Fontes Calai o Zeca Voltou a Cantar

Cultura | 3 Agosto 2020

O Zeca entre “Baladas e Canções” sempre convidava: “Traz Outro Amigo Também”. A sua voz encantou em tantas outras palavras: Cantigas do Maio; Venham mais Cinco; Os Vampiros; Vejam Bem; Canção de Embalar; Índios-da-Meia-praia; Verdes São os Campos; Cantares do Andarilho; Ao Vivo no Coliseu; Com as Minhas Tamanquinhas e Grândola, Vila Morena. Há ainda “Galinhas do Mato”, um disco em que o Zeca estava já se apagando da vida.

O Zeca Afonso assinava por baptismo, José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos. O professor, musico e cantor, nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro era filho de José Nepomuceno Afonso dos Santos, magistrado, e de Maria das Dores Dantas Cerqueira, professora primária.

 No domingo o grande José Afonso cantaria 90 anos, se a vida não tivesse sido interrompida a 23 de Fevereiro de 1987, contava 57 anos. Os vampiros até poderiam continuar a conspirar na sombra, só que, a voz do Zeca não se calaria em contá-los cantando. O Zeca era a liberdade em pessoa.

Amigo maior que o pensamento é hoje património da humanidade, basta que o ouçamos com atenção. Quando ouvimos falar que a sua obra fonográfica vai ser classificada para preservar o seu património sonoro e para que as gerações futuras possam conhecer o legado de criatividade e de liberdade que o músico deixou na história de Portugal, agradecemos, mas com classificação ou não a sua eternidade estava assegurada pela memória e por quem o canta e cantará no futuro. As dúvidas são características dos políticos, que chegam quase sempre tarde à razão e ao sentido estético da criação. A regra existe porque há excepção.

A obra do Zeca não tem partido porque viveu sempre na terra da fraternidade. Ainda recentemente Jorge Barreto Xavier, Gestor Cultural e Ex-secretário de Estado da Cultura, escreveu no Púbico que, “Zeca Afonso exerceu a sua arte e o seu ativismo em condições de grande dificuldade, no quadro do Estado Novo. A sua música, os seus poemas, inspiraram a Oposição ao regime repressivo, iluminaram o 25 de Abril de 1974 e os primeiros anos da Democracia. À data da sua morte, em 1987, deixou-nos um legado que nos liga às raízes populares da música portuguesa, à diáspora e às inspirações musicais africanas, a sonoridades e ritmos que inspiram novos caminhos musicais, quebrando fronteiras entre erudito e popular, chegando aos pequenos lugares e às grandes salas, gerando registos musicais que se tornaram património da Cultura Portuguesa. Um património que se junta, com a obra de Adriano Correia de Oliveira e José Mário Branco, entre outros, na casa comum da Música de Intervenção”.

 

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