Voz da Póvoa
 
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“A Velha Bicicleta do Estado Novo” ainda Rola na Memória

“A Velha Bicicleta do Estado Novo” ainda Rola na Memória

Cultura | 12 Junho 2025

 

A Biblioteca Municipal Rocha Peixoto acolheu no dia 7 de Junho a apresentação do livro “A Velha Bicicleta do Estado Novo”, de Abílio Travessas. Agradecido pelo convite, escrevi primeiro e depois li para amigos do autor que fizeram questão de estar presentes. Dei-lhe o título de “Cronicando Abílio Travessas”.

Durante a leitura que se divide por temas, em cada um deles encontramos uma certa biografia do autor. Ao escrever os outros ou opinar sobre assuntos diversos, há sempre uns salpicos das suas próprias vivências – a infância, a adolescência, a juventude, o professor, o guarda-redes, o meio académico e até os convites para as festas privadas, aniversários, tertúlias várias.

Há crónicas que mais parecem contos, sem a ficção que os alimenta, que lhes dá corpo, mas uma existência com personagens reais, paisagens, movimentos, com uma certa memória descritiva que nos aguça a vontade de visitar, conhecer ou mesmo revisitar. Revisitar porque nos escapou, certo detalhe, quadro, escultura. Percebe-se que há muita leitura, muita pesquisa. Os gostos e os desgostos pessoais, a terra que o viu nascer a ver o mar antes até de o observar, falar dele, escrever sobre ele.

A sua escrita acontece entre a nostalgia e o esquecimento, entre a gente simples e pessoas que não vieram ao mundo para fazer número. Há sempre alinhavos de saberes e até de sabores que ultrapassam a ementa. Mais que a saudade, a utilidade de um passado deixado ao abando, de histórias revivido. 

Para que não se abandone nunca a ‘ilha’, o lugar onde nascemos, nos fizemos gente e num desassossego saudável, amado o concebemos em farta memória com a curiosidade de provarmos primeiro os frutos que produzimos sem esperar colheita alguma. Depois, aos outros nos distribuímos para que nos conheçam por dentro, sem perguntar ao vento que passa notícia da nossa amizade, da nossa inquietação.

Por seu lado, Abílio Travessas entregou-se à partilha das histórias que escreveu e publicou, algumas homenageando amigos presentes e outros ausentes da sala, mas nunca do livro “A Velha Bicicleta do Estado Novo”.

Por José Peixoto
Fotos: Ademar Costa e Biblioteca RP

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